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Uma história de amor à floresta e ao extrativismo – Noticias do Acre
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Uma história de amor à floresta e ao extrativismo

“Infelizmente não conseguimos impedir a morte de Chico, mas sei que a sua morte impediu que outros companheiros também morressem”, afirma Manoel Monteiro (Foto: Sérgio Vale/Secom)
“Infelizmente não conseguimos impedir a morte de Chico, mas sei que a sua morte impediu que outros companheiros também morressem”, afirma Manoel Monteiro (Foto: Sérgio Vale/Secom)

A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), fundada em dezembro de 2001, surgiu a partir da necessidade de comercialização dos produtos, já que a maior parte dos extrativistas estava concentrada em municípios, onde a dificuldade de logística e comercialização era muito maior do que na capital.

Foi então que governador da época, o senador Jorge Viana, preocupado com a situação dos extrativistas, resolveu apoiar a criação de uma central de cooperativas que reunisse todas as cooperativas de extrativistas do estado, para assim garantir a comercialização dos seus produtos.

Assim, os extrativistas liderados pelo senhor Manoel da Gameleira, ainda envolvidos com os ideais do líder seringueiro Chico Mendes, juntaram três associações extrativistas dos municípios de Sena Madureira, Capixaba e Feijó e criaram a Cooperacre.

Inicialmente a cooperativa recebeu do governo do Estado um galpão na cidade de Rio Branco, local onde eram armazenados os produtos. Posteriormente, com os benefícios cedidos pelo governo federal, com o então presidente Lula, por meio do Programa da Compra Antecipada, foi possível comprar os produtos dos extrativistas a um preço justo, estocar e aguardar o melhor momento para a venda.

Mas foi com a construção de duas indústrias de beneficiamento de castanha, em Brasiléia e Xapuri, pelo governo do Acre, que a Cooperacre deu seu primeiro salto de crescimento. Quando assumiu a indústria de Brasiléia, em 2006, começou pela primeira vez, a beneficiar castanha e exportar para outros estados brasileiros.

“Até então, só vendíamos castanha in natura para São Paulo e Bolívia. E a partir de agosto de 2006 começamos a agregar valor ao nosso produto”, esclareceu Manoel  Monteiro, superintendente e um dos fundadores da Cooperacre.

Atualmente a Cooperacre possui 30 galpões comunitários para armazenamento, quatro galpões centrais e cinco indústrias para beneficiamento de castanha, polpas de frutas e látex. Tanto sucesso se deve a, pelo menos, um grande homem, Manoel da Gameleira, 75 anos, cortou seringa boa parte de sua vida e lutou lado a lado com Chico Mendes, pela preservação da floresta.

“Muitas vezes fui ameaçado de morte, diziam que eu ainda amanheceria com a boca cheia de formiga. Não lembro quantas vezes pastoramos pistoleiros para que não matassem nossos companheiros”, desabafa Manoel. “Infelizmente não conseguimos impedir a morte de Chico, mas sei que a sua morte impediu a morte de outros companheiros. Talvez, por isso, estamos aqui contando essa história.”

Manoel tem dedicado sua vida a fortalecer o cooperativismo e a proteção da floresta.


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