“O programa estadual de inclusão Floresta Digital é a prova de que, além de contar com políticas de vanguarda na conservação florestal, o Acre está mais presente no mundo virtual do que muitas áreas metropolitanas do país.”
É o que afirma a matéria de cinco páginas divulgada pela revista “Planeta”, em janeiro deste ano, sobre os avanços da rede mundial de computadores no Acre, um dos estados mais isolados do Brasil, que “assumiu a vanguarda da inclusão digital com criatividade, empurrão governamental e antenas improvisadas”.
Segundo a publicação, se há quem se impressione com o isolamento geográfico de Cruzeiro do Sul, situada no extremo noroeste acreano, na Amazônia, “mais surpreso ficará ao saber que essa e outras cidades do estado estão cobertas por rede de internet wi-fi gratuita, sem restrição de horário, tráfego, tempo de conexão ou conteúdo”.
Responsável até por realização de curso de pós-graduação, como ocorreu com a pedagoga riobranquense Acrislene Maria Moraes do Vino, o Floresta Digital impressionou a revista porque tem ajudado um percentual considerável da população acreana a ter acesso à rede mundial de computadores.
Atualmente, o programa possui 67 mil usuários ativos, cadastrados em 18 dos 22 municípios do estado, conecta 476 órgãos (corporativos e sociais) e dispõe de 246 pontos de acesso, oito hotspots e 30 telecentros. Na capital, os hotspots estão localizados na Biblioteca Pública, nas praças Elias Mansour, Joaquim Macedo e da Habitasa, na Oficina de Motos, no Mercado dos Colonos, na Rua do Churrasco – no Aeroporto Velho – e na Lanchonete Q-Delícia.
Melhorando o IDH do Estado
Criado pelo governo Binho Marques, o programa Floresta Digital foi consolidado e ampliado de forma considerável na atual gestão do governador Tião Viana. A revista “Planeta” lembra que, além de franquear a utilização de celulares, laptops e tablets em áreas próximas aos pontos emissores do sinal, o maior diferencial da rede é que qualquer um pode instalar uma antena para captar o sinal em sua própria casa, escritório ou loja.
“Outros Estados, como Ceará e Pará, também têm projetos de inclusão social, mas restringem o acesso à internet a pontos específicos, como telecentros, escolas, bibliotecas, praças públicas e orla marítima ou fluvial”, assinala a publicação, lançada mensalmente pela “Editora Três”, que também é responsável pela “IstoÉ”, uma das mais vendidas do país.
Segundo o depoimento de Gilberto Viana, da Idea-RF Metro Design, consultoria que desenhou o projeto do Floresta, “para termos cidades digitais, é preciso oferecer acesso em qualquer lugar, a qualquer hora, por tempo ilimitado e sem restrição de conteúdo”.
Carlos Rebello, coordenador de tecnologias da informação e da comunicação (TICs), destaca que, diante da escassez de serviços da iniciativa privada em regiões como o Norte do país, “coube ao Estado desenvolver um programa como esse para evitar que as pessoas fiquem reféns de uma internet cara e de baixa qualidade”.
Sobre o assunto, Gilberto Viana complementa que a redução de custos, a cidadania e o acesso à informação são os principais argumentos para o governo acreano investir em um projeto de inclusão social. “Isso se reflete na melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da população”, assinala Viana.