Omar Suarez é prova de que não importa a profissão, mas a renovação é essencial. Aos 64 anos, com 35 anos dedicados à movelaria, ainda procura aprender noções de como transformar a madeira em verdadeiros objetos de arte, agregar valor e conquistar o mercado. Omar participou do curso de Design de Móveis do Instituto Dom Moacyr (IDM), organizado pela primeira-dama do Estado, em parceria com a Escola Politécnica de Milão na Itália.
Com sete módulos, desde pesquisa, história e desenho técnico, o curso de Design de Móveis encerrou suas aulas recentemente. Durante a capacitação foram produzidas 10 linhas de móveis e pequenas peças que entrarão em exposição no segundo semestre deste ano, além da formação de um catálogo.
“O design é algo que você leva anos para chegar lá e precisa sempre se aperfeiçoar. Durante esse curso eu peguei as coisas mais rápido com meus anos de experiência. Tivemos até um professor da Itália que nos passou um conhecimento muito amplo. Foi excelente.”
Assim como Omar, veterano na arte de fazer móveis, outras centenas de pessoas – a maioria filhos de marceneiros, e até marceneiros – fizeram curso técnico em marcenaria.
No total, cerca de 300 pessoas em todo o Acre fizeram cursos de produção e design de móveis oferecidos pelo IDM, Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e Serviço Nacional da Indústria (Senai). Assim, os móveis do Acre vão ganhando mais qualidade.
Tem mulher marceneira também!
Maria José Macedo é uma das poucas mulheres no Acre que se arriscou nesse ofício, marcado pela presença masculina.
Há 15 anos separada do marido e com uma filha para criar, resolveu fazer móveis para sobreviver. “Eu tinha emprestado meu quintal para o vizinho ampliar sua marcenaria. De vez em quando ficava ali observando-o trabalhar, e percebi que eu era capaz de fazer também”, conta.
A mudança do vizinho de Maria José coincidiu com a sua separação, foi então que ela resolveu assumir a marcenaria e começou a fazer móveis para os vizinhos.
“Quando comecei eu não sabia fazer muita coisa, então contratava marceneiro nos fins de semana para me ajudar, mas não dava muito certo. Um dia eu decidi que eu ia fazer tudo sozinha e não precisaria mais de ninguém”, recorda.
Corajosa e trabalhadora, enfrentou as dificuldades e há três anos viu a sorte bater em sua porta. “Tudo melhorou quando chegou lá em casa uma servidora da Sedens pedindo documentos para licenciar minha marcenaria. Desde então, as coisas mudaram muito.”
Com a licença na mão e sócia de uma cooperativa, a marceneira Maria José trabalha hoje com outros colegas, dividindo o Galpão Coletivo de Rio Branco produzindo mobiliário para as escolas do Acre.