Devolver a esperança de dias melhores para alguém é o objetivo da Casa de Passagem Pastor Marcos Vicente Joaquim, no bairro Universitário, em Rio Branco, mantida pelo governo do Estado, por meio de convênio com a Secretaria de Saúde (Sesacre) e vinculada à Central de Articulação das Entidades de Saúde (Cades). O local abriga pacientes do interior que vêm à capital por tempo indeterminado, para o Tratamento Fora do Domicílio (TFD).
O lugar é simples e aconchegante. As mesas de refeições são grandes e ficam no saguão. Do lado de fora se sente o cheirinho bom vindo da cozinha. De frente umas para as outras, as pessoas se olham, conversam, compartilham experiências. Lá todo mundo é um pouco responsável pelo filho do outro quando alguém vai ao hospital. Algumas crianças brincam pelo pátio, outras passam de um colo para outro. Observados de longe, todos parecem uma família. O ateliê é cheio de material confeccionado pelos próprios pacientes nas terapias ocupacionais, cada coisa em seu lugar, dá gosto de ver. Os detalhes dão cor, vida e o ar de casa de verdade.
As histórias que se ouvem são tristes, mas motivadoras. A maioria dos pacientes vem de seringais e colônias e não teria para onde ir na capital. Todos têm algo em comum: uma doença a tratar, a família distante e a vontade de retornar com saúde. Fragilizados, emotivos, mergulhados em situações adversas, cada um tem seu jeito de ensinar uma lição. Mas são gratos, muito gratos.
Andreia da Silva vai completar quatro meses de estadia na casa. O olhar é tímido, mas diz muito. Aos 21, ela acompanha a filha de um ano, que tem problema cardíaco. A pequena Joana aguarda o momento de viajar para fora do Acre, e deve ir com a avó materna, já que Andreia está prestes a dar à luz o terceiro filho. O mais velho, de seis anos, ficou com a família aonde vivem, às margens da BR-364, cerca de 200 quilômetros de Cruzeiro do Sul. Quando chegaram a Rio Branco, Joana também foi diagnosticada com síndrome de Down.
“De manhã estudo, de tarde vou pro roçado com minha vó. Quando me disseram que ia ter que vir com ela, fiquei sem saber o que fazer. Ficar aqui foi a melhor coisa, todos cuidam da minha filha”, conta Andreia, que montou todo o enxoval do bebê com a ajuda de doações.
O trabalho não é fácil, mas compensador. Segundo a coordenadora da entidade, Raquel Mesquita, no momento há 31 hóspedes, entre pacientes e acompanhantes. “Dificilmente, o acompanhante não se torna paciente quando chega aqui, essa é uma das dificuldades. Há mulheres que chegam aqui e, tendo dez filhos, nunca fizeram um preventivo na vida. Então, passamos a tratar delas também”, conta.
Raquel explica ainda que o estado emocional dos pacientes é o alvo das ações da casa, como as rodas de conversa, palestras educacionais, terapias com artesanato, visitas religiosas e outras atividades. “Nós sabemos que o paciente já chega aqui muito fragilizado, sente falta da família, e temos um papel fundamental na vida dele para tornar esse momento o menos difícil possível”, frisou.
Como em todas as datas comemorativas, o Natal já está sendo planejado. Será um dia de festa, com churrasco e lazer. Afinal, não se trata de uma casa qualquer – é o lar de quem precisa.
Função social
Além de cuidar das consultas, a Casa de Passagem também encaminha os pacientes para retirar documentos na Organização das Centrais de Atendimento (OCA) e reinvidica seus direitos, como o auxílio-doença ao INSS.
Brechó Solidário como colaborador
Desde 2011, a casa é uma das beneficiadas pela arrecadação das doações do brechó, organizado pelo Acre Solidário, sob a coordenação da primeira-dama do estado, Marlúcia Cândida. Os recursos são convertidos na compra de camas, ventiladores, geladeiras e outras necessidades.
Seja um colaborador também!
Todos podem ser colaboradores da campanha Brechó Solidário, que será realizado nos dias 5, 6 e 7 de dezembro. Ajude, faça sua doação! Contato: (68) 9205 5089 – Sheila Lunier ou (68) 9957 1409 – Ivana Guerreiro