Poucos sabem, mas o Acre possui a maior floresta de bambus do mundo. São cerca de 600 mil hectares da planta que possui aplicações em diversas áreas, desde a culinária, ao artesanato e até mesmo a construção civil. E se o bambu já tem uma tradição de uso em diversos países, agora seu potencial começa a ser explorado no Acre, além dos olhos do mundo estarem se voltando para essa gigantesca reserva de madeira que esta revolucionando mercados.
No Acre, a mais recente obra da construção civil a usar o bambu como estrutura foi inaugurada recentemente. Trata-se do novo quiosque do Parque Tucumã, que irá abrigar duas lanchonetes e uma loja de artesanato e já é o novo cartão postal da capital. “Era necessário criar um espaço diferenciado, com a utilização de materiais regionais em sua estrutura. O bambu, por exemplo, é um material que se renova muito fácil, em três anos cresce e tem alta durabilidade”, comenta a coautora do projeto arquitetônico, Carolina Sgorla.
O desenvolvimento da obra contou com a parceria técnica da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “São soluções que podem baratear a construção civil aqui no Acre. O bambu é usado no mundo inteiro e dá para fazer construções de caráter permanente. Para se ter uma ideia, um hectare de bambu pode retirar 500 varas, o que dá pra fazer sete casas populares”, conta Bruno Imbroisi, analista em bambu da Embrapa.
Investimento Europeu no Acre
Apesar do baixo custo, e de nosso país possuir uma das maiores reservas de bambu do mundo, a técnica construtiva que utiliza essa espécie de vegetal ainda é muito pouco explorada no Brasil. Ainda assim começam a surgir empresas que estão utilizando este material como matéria-prima para construção de residências.
O município acreano de Manoel Urbano, distante 214 km da capital Rio Branco, fará parte do projeto de manejo florestal administrado pelo grupo português responsável pela empresa Agrocortex, que inclui a extração e comercialização das varas de bambu. Os investimentos são de R$ 62 milhões e devem gerar 200 empregos diretos.
“Não é como uma indústria que depende do mercado. Depende essencialmente da nossa capacidade de tirar a parte econômica da floresta de forma a protegê-la e a manter os fluxos econômicos que permitem a viabilidade econômica de implantar esse tipo de projeto,” definiu Rui Pedro Ribeiro, diretor-geral da Agrocortex. O projeto está certificado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Forest Stewardship Council (FSC) – Conselho de Manejo Florestal, maior organismo mundial de certificação de florestas.