“O passado era bom a gente nem lembrar, porque ele foi tão doloroso, tão penoso, tão triste, que a gente não tem a menor saudade. O que era a realidade como nós vivíamos antigamente, economicamente, a área da saúde, da educação? Nós éramos uns abandonados!”.
A declaração é do seringueiro Raimundo Mendes de Barros, o “Raimundão”. Ele e a família vivem numa “colocação” no quilômetro 20 da Reserva Chico Mendes, em Xapuri.
Atualmente Raimundão sustenta a família com a criação de pequenos animais, roça de subsistência e beneficiamento da castanha, mas durante muito tempo foi da borracha que ele tirou o sustento da casa.
“Hoje em dia eu já não tenho muitas condições físicas para cortar seringa, mas por muito tempo foi o sustento da minha casa”, relembra.
Ele fala, com alegria, dos resultados que têm alcançado, graças ao apoio que o governo do estado oferece aos extrativistas.
“Hoje circula dinheiro no estado graças ao projeto de políticas públicas que foi implantado. Tudo que a gente produz vende. A vida hoje não se compara com aquela que a gente teve a infelicidade de viver na época da minha juventude”, declara.
O governo do estado regulamentou os valores de subvenções de produtos florestais aos produtores estaduais. Os produtores chegam a receber R$ 8 por quilo na borracha.
Na Resex Chico Mendes, mais de mil famílias ainda vivem do corte da seringa e da venda da borracha. Domingos Florentino da Conceição, que nasceu, criou-se e formou a família dentro da Resex, é um dos mais antigos seringueiros que até hoje sustenta a família com a venda do látex.
“O que eu ganho vendendo o látex, mais a venda dos pequenos animais que crio aqui e algumas frutas, tudo chega a mais de um salário mínimo por mês”, conta.
Por meio de convênio com a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) paga os produtores e repassa o látex à Fábrica de Preservativos Natex.
Segundo o coordenador estadual do Programa do Subsídio da Borracha, Ademir Batista, além da compra dos produtos, o governo garante a manutenção dos extrativistas dentro da reserva.
“Nós damos infraestrutura, treinamento e capacitação aos extrativistas, como forma de garantir um produto de alta qualidade para circular no mercado e abonar a renda deles, para que tenham mais qualidade de vida”, explica.