Um grupo de pecuaristas participou de uma aula de campo na manhã desta quarta-feira, 17, com o professor Moacyr Corsi, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq). O docente, que é engenheiro agrônomo com mais de 40 anos de experiência, apresentou técnicas para melhoria da produtividade utilizando a forrageira natural (espécie de planta) como principal fonte de alimentação para o gado.
Na propriedade de Fábio Ricardo Leite, localizada no Ramal do Japonês, o projeto já é realizado há mais de um ano. E é aplicando um conjunto de técnicas que foi possível aumentar a quantidade de cabeças de gado por área, mas trabalhando a integração lavoura-pastagem. Ou seja, o capim é tratado como lavoura, melhorando sua qualidade, como explica o proprietário: “Inicialmente foi realizado o preparo da terra, depois realizados estudos, mapeamento por GPS e adubação”.
Então o gado é manejado em pastagem rotativa. A área de pasto foi dividida em três, permitindo que o capim cresça durante o período de descanso, que é geralmente de uma semana. “Os resultados mostram perspectivas boas, porque estamos utilizando evoluções da agricultura em nosso favor”, explica Leandro Leite, irmão do proprietário. A engorda do gado é comprovada com os dados colhidos, e atualmente os animais pesam em média 400 quilos. “Eles estão ganhando 700 gramas ao dia. Pode ver que o gado está deitado, satisfeito”, aponta, demonstrando animais ruminando à frente.
O professor explica que os primeiros custos são em infraestrutura, mas o retorno econômico é inicialmente de 18%. Todavia, com o tempo, reduz-se o custo (já que o investimento passa a ser pontual), aumenta a produtividade e, consequentemente, a competitividade. “O retorno é igual ou maior que a soja, com a tendência de melhorar, e é isso que tem ocorrido em todos os projetos que trabalhamos, em diferentes Estados.”
O trabalho é também uma forma de desenvolvimento sustentável, principalmente porque o uso das tecnologias e rotatividade evita novos desmatamentos. Também porque, melhorando a pastagem, pode se ter mais gado por área. Por fim, a importância do ganho da propriedade. “O proprietário precisa ter uma produtividade para poder cumprir as exigências sociais e ambientais. Então, com o lucro, ele pode se manter na sua área”, explana o agrônomo.
Uso da forrageira para aumento da produtividade
Evita desmatamento.
Permite mais cabeças de gado por área.
Mais lucro e prosperidade do produtor na zona rural
O superintendente regional do Banco da Amazônia, José Roberto da Costa, também participou da atividade e reforçou que os pecuaristas se fortalecem com o progresso coletivo, pois gera o avanço da cadeia produtiva e da região. “Acredito que o rebanho do Acre pode triplicar. Aqui há genética boa, mas em pequena quantidade. Então o incentivo da reforma da pastagem é uma das apostas de desenvolvimento.”
Pastagem
A base alimentar da pecuária de corte é o campo natural, de modo que os pecuaristas viram na aula de campo a divisão da pastagem, o aumento de locais com água e o uso de adubos. A forrageira estava verde e alta em toda a área – não apenas por ser período de chuvas, já que dezembro faz parte do inverno amazônico, mas porque o adubo, o uso do trator e os cuidados da terra permitiram que a pastagem tivesse mais qualidade.
O fazendeiro reduz ainda gastos com suplementação, sal com adicionais e demais produtos na engorda do gado, já que a forrageira oferece maior qualidade nutricional. E a rotatividade evita o declínio da espécie natural, porque existe menos pisoteamento e permite o crescimento. O resultado ideal é alcançar de 5 a 12 bois por hectare ao ano.