A cada dia surgem novos desafios para as equipes do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil do Estado diante da cheia do Rio Acre em toda a região do Alto Acre. A falta de telecomunicações em Brasileia é considerada um dos maiores problemas para a população. Mas, para as equipes de apoio, é o menor dos empecilhos, diante dos vários desafios nas ações executadas.
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Gostaria de agradecer o empenho de todos. Pessoas passaram 60 horas acordadas nesses dias, outras auxiliaram o dia inteiro na remoção dos balseiros”
Capitão Fernandes
Remoção de famílias em áreas alagadas, captura de animais peçonhentos, transporte de pessoas entre os pontos isolados nas duas cidades e remoção de balseiros da ponte são algumas das ações executadas diretamente pelo Corpo de Bombeiros neste momento de crise.
A profissão de bombeiro muitas vezes prioriza a vida do próximo em detrimento da própria. São eles que resgatam pessoas em situação de risco, num trabalho constante realizado com muito esforço.
Resgate de gestante
Em meio à tragédia vivida pelas comunidades do Alto Acre, não faltam histórias de resgastes e salvamentos realizados pelos heróis de vermelho. Entre elas está a de uma gestante que, por não haver estrutura na maternidade de Epitaciolândia, precisou ser transportada para Brasileia. Na travessia, o barco apresentou problemas e, por meio da comunicação via rádio, o Corpo de Bombeiros atendeu ao pedido de socorro. A gestante foi resgatada e conduzida ao hospital, onde deu à luz um bebê saudável, com quatro quilos.
Profissão de risco
Durante a retirada de entulhos e galhos que estavam presos às estruturas da Ponte José Augusto de Araújo, ao menos 30 cobras foram encontradas.
O trabalho preventivo, para garantir a segurança da estrutura da ponte, segue ao longo da semana. A operação, realizada enquanto o nível do rio estiver elevado, requer muita atenção e cuidados por parte das equipes, que, mesmo utilizando equipamentos de segurança, estão passíveis de incidentes, como o registrado na quarta-feira, 25, quando um soldado bombeiro foi picado por uma jararaca. Rapidamente o bombeiro foi encaminhado ao Hospital de Brasileia.
Dificuldades de comunicação
A falta de telefonia impediu a população de abrir chamados no Corpo de Bombeiros, dificultando as ações de resgate. “Gostaria de agradecer o empenho de todos. Pessoas passaram 60 horas acordadas nesses dias, outras auxiliaram o dia inteiro na remoção dos balseiros, depois de terem trabalhado toda a madrugada. Sabemos que é desgastante, mas essa é a nossa profissão. Quando isso terminar aqui, vamos para Xapuri e Rio Branco continuar a missão”, disse o capitão Fernandes à tropa.
O reconhecimento da população
Ao todo, quase quatro mil pessoas foram resgatadas pela Defesa Civil do Estado durante a alagação em Brasileia e Epitaciolândia. Elas foram conduzidas aos mais de 20 abrigos públicos espalhados pelas duas cidades. Difícil não agradecer ou se emocionar com esse apoio.
Antonio Luiz Jaminawa e cinco membros da família foram resgatados por uma equipe do Corpo de Bombeiros. Hoje “Seu Luiz” está abrigado na quadra poliesportiva de Brasileia. “Eles trabalham muito bem. Para nós, isso foi importante, porque na casa da minha filha moram cinco pessoas. Se não tivesse esse apoio, a gente iria sofrer”, afirmou.