A Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO/Acre) instalada em 2006 no Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco já realizou 220 transplantes de rim, córnea e fígado. Neste ano, a central registrou, apenas no primeiro trimestre, 11 transplantes, um a mais em relação a igual período de 2014.
Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Acre possui um índice de recusa familiar de 72% das potenciais doações de órgãos. No entanto, em relação a abertura de protocolos de potenciais doadores, o estado está em 2º lugar no ranking nacional de centrais de transplantes.
Para a coordenadora da CNCDO/Acre, Regiane Ferrari, as questões culturais e religiosas são alguns dos fatores para o alto índice de recusa da sociedade à doação de órgãos e tecidos.
Em relação a região Norte, o Acre está bem posicionado, pois realiza transplantes com certa regularidade. “Temos um programa muito mais avançado e ajustado, com uma infraestrutura melhor do que muitas centrais da região Norte”, informa Regiane.
Histórico
A CNCDO/Acre iniciou as atividades realizando transplantes de rins com doadores vivos, doação entre parentes. Em 2009, a Central foi habilitada para o serviço de transplantes de córnea. Em 2010 foi realizado o primeiro transplante de rim de doador falecido. O primeiro transplante de fígado ocorreu em abril de 2014.
Serviço
É das atribuições da CNCDO/Acre inscrever o doador dentro do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Realizar toda a logística do transplante, como verificar disponibilidade de centro cirúrgico, UTI, enfermaria, equipe cirúrgica e materiais, e localizar e notificar os pacientes receptores. Realizar trabalhos de conscientização junto à comunidade para a doação de órgãos também faz parte da rotina da Central.
OPO
Em 2011 foi implantada junto à Central de Transplantes, a Organização de Procura de Órgãos (OPO), setor responsável pela busca diária por potencias doadores, três vezes ao dia, nos hospitais notificadores, como Santa Juliana e Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb).
A equipe de cinco enfermeiros e uma médica é responsável por abrir protocolos de morte encefálica – quando o cérebro deixa de funcionar – ou seja, identificar potenciais doadores. Também é das atribuições do setor fechar os protocolos, o que significa atestar para a família a morte do ente querido.
Uma entrevista familiar é realizada quando se constata a morte encefálica do paciente, a fim de viabilizar a autorização para a efetiva doação. A partir desse ponto, começa todo o trabalho para realizar o transplante.