Um caminhão da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) foi carregado para mais uma viagem transportando a produção rural de Tarauacá na tarde desta segunda-feira, 23.
Apesar de o veículo fazer esse trabalho várias vezes na semana, a carga transportada dessa vez representa o resgate de uma atividade muito tradicional na história do Acre. No caminhão, foram levadas 6,2 toneladas de borracha produzidas por cerca de 50 seringueiros do município.
Os investimentos do governo do Estado e as parcerias com sindicatos, associações e cooperativas estão motivando os extrativistas a retomar a produção de borracha na região. É tanto que cresceu a produção no último ano. Só a Cooperativa Agroextrativista de Tarauacá (Caet) comercializou dez toneladas de CVP (cernambi virgem prensado) e duas toneladas de FDL (folha de defumação líquida).
“Há uns cinco anos, a produção de borracha estava estacionada. O seringueiro não tinha motivação. Três anos atrás as coisas começaram a mudar. Dois fatores são os principais para estimular o seringueiro a voltar cortar seringa: preço e mercado”, afirma Carlos Alberto Lopes, secretário da Caet.
Preço justo e garantia de comercialização
Uma das razões da valorização da extração do látex e da fabricação da borracha é o aumento do preço nos últimos anos. Atualmente, com o subsídio do governo do Estado, o seringueiro comercializa o quilo da borracha do tipo CVP a 5 reais. Já a FDL o quilo é vendido a 10,5 reais. “Com esses valores é possível ter uma boa renda com a produção de borracha. O que o seringueiro quer é vender sua borracha por um preço justo”, destaca Carlos Alberto.
A outra razão que influencia na reativação da produção nos seringais do Acre são os investimentos do governo do estado nas indústrias de beneficiamento de borracha.
As mais de 6 toneladas que saíram de Tarauacá na manhã dessa terça-feira, 23, foram levadas para a indústria de Granulado Escuro Brasileiro (GEB) construída pelo governo do Acre no município de Sena Madureira, que que entra em fase final de testes para iniciar a produção. A fábrica terá capacidade inicial para processar 300 toneladas de borracha por ano e vai empregar 150 pessoas.
O GEB é usado na fabricação de pneus, peças de carro e outros produtores derivados da borracha. O Brasil produz apenas um terço do que consome. A Ásia é responsável por 95% da produção mundial.
“Com todos esses investimentos, a borracha voltou a ser atrativa para o seringueiro. A gente que é daqui de Tarauacá e sabe da importância que teve a borracha para o nosso município fica feliz em ver essa atividade renascendo nos seringais da região”, afirma Narcélio Silva, gerente da Seaprof naquela cidade.