Em 2000, um grupo de pesquisadores de Madre de Díos (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia), que formam a sigla MAP, reuniu-se para colaborar com o poder público e a sociedade civil na solução para eventos naturais extremos enfrentados na região de fronteira, como as enchentes que atingem os três países, por exemplo.
O movimento colaborativo ganhou força e tornou-se a iniciativa MAP, um encontro que debate a defesa de direitos econômicos, ambientais, sociais e culturais das comunidades.
A 10ª edição do Fórum MAP teve início nesta segunda-feira, 9, na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, em parceria com o governo do Estado, Ufac, Instituto Federal do Acre (Ifac), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Comissão Pró-Índio e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Até quarta-feira, 11, pesquisadores, estudantes, gestores e representantes dos governos do Acre, Madre de Díos e Pando estarão reunidos para discutir os novos caminhos para adaptação e resiliência a eventos climáticos na região de fronteira.
A diretora técnica do Instituto de Mudanças Climáticas do Acre (IMC), Vera Reis, reforça a função do MAP. “Esse debate é de extrema importância, pois vivenciamos constantes inundações, além das secas prolongadas que afetam simultaneamente os três países. Por isso, precisamos nos integrar para buscar soluções mais efetivas”, disse.
Para o representante do governo de Madre de Díos, Eduardo Saluana, a integração é fundamental para o atendimento durante as alagações.
“No ano passado, Iñapari [no Peru] foi inundada, e nós pudemos retirar as pessoas que seriam atingidas graças à estação de alerta do Brasil, no Rio Acre, que previu com antecipação. Isso nos mostra o quanto é importante trabalhar juntos, pois os problemas causados pela mudança do clima afetam todos”, ressaltou.
Clima, governo e sustentabilidade
Entre as palestras mais aguardadas da noite de abertura do fórum estavam a do senador da República, Jorge Viana, e a da ambientalista Marina Silva. Jorge Viana falou sobre “os eventos extremos climáticos e suas implicações para a governança”.
“Os extremos climáticos estão diante da gente, e os custos para as prefeituras e para os governos, também. E nós temos que nos adaptar a esses eventos causados pelas mudanças do clima”, declarou o senador.
Marina Silva apresentou os desafios do desenvolvimento sustentável como ferramenta de redução dos eventos extremos. “O desafio do desenvolvimento sustentável é totalmente integrador. Há uma luta que não tem como ser levada adiante sem o envolvimento de todos. Esse tipo de mobilização regional, internacional, é fundamental. Não podemos fazer uma abordagem de forma isolada”, afirmou.
A programação da 10ª edição do Fórum MAP oferece, ainda, mesas temáticas, grupos de diálogos, apresentações culturais, feira da integração e rodada de negócios.