O processo de colonização do Brasil foi devastador para as populações tradicionais, em especial para os povos indígenas. No Acre, os índios viveram cerca de 100 anos de escravidão – entre 1880 e 1980.
Durante o período de explosão do ciclo da borracha na Amazônia, final do século 19, essas populações foram expulsas com violência de suas terras e obrigadas a trabalhar na extração do látex.
“Quando só se tinha borracha no Brasil, o negócio era matar índio. Os índios reagiram e lutaram contra a ocupação do seu território, em represália a isso os donos de seringais contratavam pessoas para matá-los e expandir suas colocações”, relembra o sertanista José Carlos Meirelles.
As chacinas promovidas nas aldeias do Acre ficaram conhecidas como correrias. Eram ações organizadas pelos patrões, que, em bando às aldeias indígenas, matavam os homens e algumas mulheres. Aquelas que sobrevivam eram vendidas junto com as crianças.
Todos os povos foram forçados ao trabalho semiescravo, proibidos de plantar e expulsos de suas terras, eram obrigados a consumir alimentos e produtos vendidos nos barracões dos seringais.
O assessor especial dos Povos Indígenas do Acre, Zezinho Yube, relembra o processo de escravidão vivido por seus avós. “Meu avô nasceu dentro do seringal, minha família vivenciou todo esse processo. Além da escravidão por dívidas, eles eram proibidos de falar a nossa língua, expressar nossa religião e qualquer tipo de manifestação cultural”, revelou.
O gestor conta ainda que os Puyanawas sofreram também impactos de miscigenação. “Eles eram obrigados a casar com brancos, não poderia existir de forma alguma casamento entre índios da mesma etnia”, disse.
Tashka Yawanawá, liderança da Aldeia Mutum da Terra Indígena do Rio Gregório, observa que “a luta hoje é bem mais ampla, vem somada a outros desafios com foco em políticas públicas específicas. A luta dos povos indígenas não ficou somente na história, ela está presente nos dias atuais”.
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