Foi a necessidade de representar o povo indígena da sua região que levou Josias Pereira Kaxinawá, da Aldeia Boa Esperança, localizada na Terra Indígena Kaxinawá do Rio Jordão, em Tarauacá, a mudar-se com sua família, em 2010, para Rio Branco.
Por cinco anos o endereço de Josias e sua esposa na capital foi o bairro da Base, às margens do Rio Acre, área alagadiça da cidade. Com a chegada do inverno, as águas subiam e causavam transtornos. Por isso, a família se inscreveu nos programas de habitação social do governo do Estado e foi contemplada em 2015.
“Hoje vivemos em segurança, num local que nos dá condições de produzir nosso artesanato e trabalhar nas demandas das comunidades indígenas que representamos. Posso viajar pelo estado sabendo que minha família está protegida”, diz Josias.
As idas às aldeias são para ouvir reivindicações nas áreas ambiental, de saúde e educação. Os encaminhamentos são levados pelo representante às secretarias responsáveis.
Para a esposa, Ayani Kaxinawá, a Cidade do Povo é um local que respeita a diversidade: “No começo nos sentimos deslocados, mas agora temos uma relação de amizade e respeito com os moradores daqui. Eles se aproximam e querem conhecer nossa cultura e nosso trabalho”.
Morar na Cidade do Povo é a oportunidade que a família tem de tornar sua produção mais conhecida e valorizada. No último ano, já expôs seu artesanato na Áustria, Espanha e no Rio de Janeiro.
Sem filhos, o casal acolhe a sobrinha Thais, de 15 anos, que estuda a sétima série do ensino fundamental na Escola Frei Heitor Maria Turrini, na Cidade do Povo. “Estou tendo a oportunidade que muitas adolescentes da aldeia gostariam de ter. Vou me profissionalizar para futuramente ajudar o meu povo”, planeja.
A família conta que vive feliz na Cidade do Povo e que faz questão de manter seus costumes e tradições.
Cidade do Povo
Segundo a Secretaria de Estado de Habitação (Sehab), 10.220 pessoas já vivem no empreendimento. O novo bairro da capital acreana conta com escolas, delegacia, postos de segurança e unidades de saúde – inclusive uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – e diversas áreas de lazer e comerciais. Ao todo, 10.518 moradias deverão ser construídas para receber mais de 50 mil pessoas.