Com um show de cores, pinturas corporais, adornos típicos, cantoria, debates e brincadeiras, começou o IX Festival Noke Kui, na Terra Indígena Campinas, situada às margens da BR-364, a 50 km de Cruzeiro do Sul. A festa vai até o dia 3 de agosto e promete, segundo seus organizadores, ser a maior de todos os tempos.
Os katuquinas, como são mais conhecidos os indígenas Noke Kui, prepararam um amplo e aprazível local, próximo a um igarapé de águas limpas e convidativas para banhos, limparam o mato e construíram uma arena para as atividades. Muitas barracas foram construídas no local com sombra apropriada para armação de redes e venda de alimentos.
Rosalina Sousa, da Rede Reviver, representou o governo do estado no ato de abertura e levou o abraço do governador Tião Viana. Também estiveram representados na festa o gabinete da vice-governadora, a Secretaria de Pequenos Negócios e a Secretaria de Articulação Institucional.
Nas falas de abertura, o professor indígena Levi Pequeno de Souza chamou a atenção para o fato de que o povo Noke Kui, apesar de morar tão próximo à cidade, conservou seu idioma, pertencente à Família Pano: “Nossa língua materna é falada por 99% dos índios das nossas aldeias”, destacou.
O cacique Fernando Katuquina disse que quer ver a língua Noke Kui se tornar oficial no município e, inclusive, ser lecionada nas salas de aula como forma de enriquecimento cultural. Numa roda de debates, indígenas denunciaram a tentativa que está havendo, em Brasília, de cerceamento dos direitos conquistados pelos indígenas, especialmente em relação a demarcações que já estavam em estudos.
Nos próximos dias, muitas serão as atrações com disputas em diversas modalidades de esportes tradicionais como arco e flecha, cabo de guerra, corridas, arrancar macaxeira, pau de sebo, coco, cana, lança, lama. Além disso, outras manifestações culturais serão apresentadas, como cantorias, dança mariri, vacina do sapo kambô, rapé e mostra de artesanato. Durante as noites haverá sessões ligadas à espiritualidade Noke Kui com uso da bebida sagrada uni (ayahuasca).
Também estiveram presentes representantes de órgãos federais, como a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Instituto Federal do Acre (Ifac). A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) armou uma barraca, trouxe um médico, está fazendo entrega de preservativos e fazendo testes rápidos. “Estamos aqui à disposição dos indígenas durante toda esta semana”, disse a técnica em enfermagem, Clésia de Lima.