Após uma semana de troca de experiências com as equipes de saúde, as 30 mulheres que participaram do Encontro de Parteiras do Jordão, realizado pelo governo do Estado com apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Juruá (Dsai), receberam certificados de participação no evento e kits parteiras que vão auxiliá-las no trabalho em suas aldeias.

A parteira Aldenira Kaxinawá, que já realizou 12 partos em sua aldeia, conta que a experiência foi enriquecedora. “Aprendi como fazer nos partos em que a criança vem em pé, porque o mais comum na aldeia é a criança nascer de cabeça. Depois dessa capacitação vou saber fazer o parto do bebê que vem ‘de pé’”, afirma a indígena.

A atriz e embaixadora dos Bancos de Leite Humano pelo Ministério da Saúde, Maria Paula Fidalgo, participou de uma roda de conversa com as parteiras, quando fez uma troca de experiências com as participantes da capacitação.

“Foi uma vivência inesquecível. Trocamos informações, casos, histórias. As indígenas não têm medo de dar à luz, ao contrário das mulheres da cidade, que marcam cesáreas. Isso é um ensinamento. Muito mais do que dizer coisas que sei e que aprendi, foi para ouvir coisas que elas sabem”, disse Maria Paula.

Caderneta da Criança – uma aliada nos cuidados da criança

Ainda pela manhã, a gerente da Divisão da Criança, Priscylla Aguiar, fez uma explanação sobre a importância da utilização da Caderneta da Criança.

“A ideia foi orientá-las sobre o que é preciso avaliar na criança após o nascimento. Expliquei sobre a avaliação física da cabeça, do corpo, das genitálias do bebê e ainda, sobre os movimentos. Quanto à caderneta, reforcei que o uso dela é importante tanto pelos profissionais de saúde, como também pelos pais do bebê e por elas que realizam o parto”, detalhou a gerente da Divisão da Criança.

Certificação e encerramento das atividades

Durante a tarde desta quinta-feira, 18, a equipe da Divisão da Mulher da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e do Dsai coordenou a solenidade de entrega dos kits de parteira e dos certificados para as 30 indígenas que participaram do encontro.

Antes do encerramento, o massoterapeuta Bento Marques ministrou uma breve oficina sobre os benefícios da massoterapia para alívio de dores no pré-parto e pós-parto.

O responsável técnico pelo Programa de Saúde da Mulher Indígena do Dsai/Alto Juruá, Josadaque Bezerra, avaliou com positiva a realização da ação no município.

“Este era uma anseio antigo da nossa equipe, e desta vez conseguimos, com apoio da Funai, governo do Estado, Uninorte. Esperamos que a partir de agora haja uma diminuição da mortalidade materna nas aldeias do município. Com essas informações repassadas a elas e com a troca de saberes, esperamos que essa redução seja efetiva”, concluiu Bezerra.

Emanuelly Nóbrega, gerente da Divisão da Mulher, celebra os avanços conquistados ao longo da semana e revela que a equipe encerrou as atividades com gratidão e a sensação do dever cumprido.

“Utilizamos uma metodologia específica para atuar com as parteiras indígenas, e ficamos muito gratificados e felizes por ver que todos nós adquirimos mais conhecimentos, tanto as parteiras quanto nossa equipe de saúde. Conseguimos repassar os conceitos preconizados pela Rede Cegonha. Gratidão é a palavra que marca esra ação”, finalizou a gerente.