Inaugurada em 2008 e símbolo das políticas públicas do governo do Estado do Acre voltadas ao desenvolvimento sustentável, a fábrica de preservativos masculinos Natex, localizada em Xapuri, chega ao segundo semestre deste ano com um novo objetivo: iniciar uma parceria público-privada, com um processo de terceirização da gestão, para o fortalecimento de suas atividades.
O empreendimento – que hoje é administrado pela Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) –sempre teve o objetivo de viabilizar a economia extrativista do látex nativo na região de Xapuri com a produção de preservativos, agregando valor ao produto e elevando a qualidade de vida dos povos da floresta.
Atualmente a fábrica possui 145 colaboradores e 700 famílias extrativistas na coleta de látex, com uma capacidade de produção de 100 milhões de camisinhas por ano, sendo 100% de sua produção comprada pelo Ministério da Saúde. Ainda assim, a crise econômica também tem refletido na administração da empresa, que por vezes sofre demora na transferência dos recursos federais.
Pela consolidação
Todos os servidores da Natex hoje são contratados por empresas terceirizadas. O governo do Estado está em dia com o pagamento às empresas, mas as mesmas têm encontrado dificuldades para manter o pagamento dos servidores em dia.
A diretora da Natex, Dirley Bersch, ressalta que a terceirização da gestão é uma solução que pode fazer com que a fábrica atravesse a crise financeira nacional de forma mais segura.
“Com uma parceria público-privada, teremos uma gestão mais ampla, com poder de negociação da aquisição de insumos muito maior e a contração dos funcionários sem exigir processos terceirizados”, conta.
A Assembleia Legislativa do Acre já aprovou a lei que autoriza a terceirização da gestão da fábrica. O edital deve ser lançado ainda este mês, e o governo do Estado já possui empresas especializadas interessadas na administração da Natex. A expectativa é de que todo o processo termine em outubro.
A presidente da Funtac, Silvia Basso, explica ainda que haverá uma cláusula no contrato de terceirização garantindo que a empresa que ganhar a gestão continuará comprando látex natural das comunidades que já fornecem para a Natex. Além disso, toda a estrutura e equipamentos da fábrica continuarão pertencendo ao governo.
“Esse processo acontece porque a Natex deu certo, sendo um empreendimento governamental. Então, para melhorar e aperfeiçoar os recursos recebidos pelo ministério da Saúde, principalmente levando em consideração os preços dos produtos químicos que são cotados em dólar, estamos terceirizando sua gestão, pois a negociação de valores será muito mais fácil”, explica Silvia.
Um símbolo de Xapuri
Como segunda maior empregadora de Xapuri – ficando atrás apenas da prefeitura –, a Natex foi responsável por uma grande mudança na cidade de Chico Mendes, principalmente na economia.
Com o movimento financeiro, uma gama de novos serviços e possibilidades surgiu na cidade, como o fortalecimento do comércio.
A fábrica também investe com frequência nos servidores. “Temos treinamentos e aprimoramentos constantemente. Investimos pesado na qualificação profissional dos nossos servidores”, conta Dirley.
Dos 145 funcionários da fábrica, 42 assumiram cargos de gerência e liderança. No campo da qualificação profissional, 48 concluíram graduação e pós-graduações. Atualmente 19% deles cursam o nível superior, todos incentivados pela Natex.
Quanto ao fornecimento do látex pelas famílias extrativistas da região, a safra deste ano se inicia ainda este mês, num acordo pactuado com a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre) e as comunidades.