O Teatro dos Náuas, em Cruzeiro do Sul, foi palco do seminário “Gênero, igualdade racial e violência”. A atividade faz parte da campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, realizada pelo governo do Estado por meio da Secretaria de Política para as Mulheres (SEPMulheres).
O evento, realizado durante toda a terça-feira, 6, reuniu jovens estudantes, a comunidade cruzeirense e as demais instituições que compõem a Rede Especializada de Atendimento à Mulher do Juruá: Rede Reviver.
Apesar de ter sido um evento pra cima, com várias atrações culturais como dança, música, poesia o momento foi de reflexão sobre a questão da violência de gênero, que coloca o Acre como o quinto estado com maior número de feminicídio (violência contra a mulher seguida de morte) no país, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Cruzeiro do Sul (Deam), Karla Brito, palestrou sobre “Feminicídio e Mecanismo de Defesa” e falou da importância do encontro como meio de sensibilização da sociedade quanto ao problema da violência de gênero.
“Sozinho o poder público não vence essa guerra. Precisamos que a comunidade se envolva, denuncie e, principalmente, acolha essas vítimas, que precisam do nosso apoio para romper o ciclo de violência em que se encontram”, comentou a delegada.
Em um depoimento emocionante, a educadora Joana Freitas, de 41 anos, contou para os presentes sua história como vítima de agressão pelo ex-companheiro.
“Foram dez anos de sofrimento e impotência. Eu sofri todos os tipos de violência: verbal, emocional, psicológica e física. Quem vive no ciclo de violência doméstica está envolvida por vários sentimentos que dificultam o processo de libertação: o medo, a dependência financeira, o julgamento da sociedade e o desamparo”, contou.
Foi difícil, mas Joana venceu as barreiras, e há cinco anos buscou ajuda na Deam. Desde então é acompanhada pela Rede Reviver. Hoje ela é independente, trabalha e cria os filhos com seu esforço, fruto de um processo de empoderamento.
De acordo com Joelda Pais, coordenadora de Direitos Humanos da SEPMulheres, o índice de violência e estupro no Vale do Juruá é alto, mas não aumentou no último ano. “A postura das vítimas está diferente. Elas estão cada vez mais seguras de que a denúncia pode ajudá-las a sair dessa situação. Isso se deve ao processo de fortalecimento das campanhas educativas e serviços de acolhimento às mulheres”, disse.
A agenda dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, na região, segue até o dia 9 com o encerramento numa caminhada dos direitos humanos, que sairá às 7 horas da frente da Catedral Nossa Senhora da Glória, no centro de Cruzeiro do Sul.