Os acreanos ou quem escolheu o Acre para viver sabem bem que, assim como nos outros estados na Região Norte, predominam por aqui apenas duas estações durante o ano: o inverno, período de chuvas, e o verão amazônico, quando as mudanças climáticas combinadas à ação do homem acabam ocasionando problemas de saúde comuns ao período.
O calor intenso, a baixa umidade do ar e as variações bruscas de temperatura, mais a fumaça ocasionada pelas queimadas rurais e urbanas, são fatores que fazem aumentar a procura da população pelas unidades de saúde em virtude de doenças como amigdalite, laringite, otite, asma, além de rotavírus e conjuntivite.
Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito, por exemplo, entre julho e agosto de 2016, mais de cinco mil pacientes foram atendidos e diagnosticados com doenças respiratórias.
Foram cerca de 1,2 mil atendimentos no mesmo período na UPA Franco Silva, na região da Baixada da Sobral. Para se ter uma ideia do aumento dos casos no período de seca, em janeiro do mesmo ano, apenas 717 pacientes tiveram diagnósticos de problemas respiratórios na unidade. O que significa um acréscimo de mais de 40%.
“Realmente, os atendimentos que envolvem problemas respiratórios aumentam gradativamente e tendem a piorar com a chegada do período de seca e das queimadas. Em 2016, os agravos respiratórios se intensificaram entre os meses de junho e agosto”, relata Nayra Barbosa, gerente da UPA da Cidade do Povo, onde 1.399 pacientes foram atendidos com esses sintomas no período citado.
Crianças e idosos são os que mais sofrem neste período. Os sintomas geralmente são os mesmos: febre, dor de cabeça, tosse seca, cansaço, rouquidão, ardência na garganta, narinas e olhos e, nos casos mais graves, dificuldades para respirar.
Segundo o clínico-geral Gláuber Lucena, que atende na UPA Franco Silva, os cuidados que devem ser tomados nesta época do ano são simples.
“Manter o corpo hidratado bebendo muita água e sucos e ter uma alimentação saudável são ações que colaboram para o fortalecimento do sistema imunológico de adultos e crianças. Além disso, buscar manter o ambiente limpo e arejado também ajuda muito. Se não tiver umidificador de ar em casa, deixar uma toalha molhada ou um balde ou bacia com água em cima de um móvel alto no ambiente”, disse.
Não queimar é a melhor prevenção
Além do tempo seco, o grande vilão para o aumento no número de doenças respiratórias são as queimadas urbanas, que aumentam muito neste período, quando a população queima lixo em seus quintais. O produto da queimada é tóxico e funciona como alergênico, o que colabora para ativar as doenças respiratórias.
“Nesta época o governo intensifica a fiscalização, mas é necessário também apelar para o bom senso da população e alertar sobre o perigo das queimadas, tanto urbanas quanto rurais e pedir que não queimem lixo em suas casas. O resultado é esse aumento de pessoas com doenças respiratórias, como, infelizmente, presenciamos todos os anos”, alerta o secretário de Estado de Saúde, Gemil de Abreu Junior.