O projeto “Bordado Acreano: Resgatando tradições com inspirações amazônicas”, teve início em janeiro deste ano e reúne mulheres e homens no Bujari e em Sena Madureira. O resultado das coleções com base na flora e fauna amazônica será exposto ao público durante a Expoacre 2017.
O lançamento oficial dos produtos será realizado às 20 horas, no estande do Sebrae, no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. O projeto, que leva a marca Acre Made in Amazônia Bordados, é financiado pelo Banco do Brasil e executado pela Coordenação do Artesanato Acreano vinculada à Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN), com a parceria do Sebrae e gabinete da primeira-dama Marlúcia Cândida.
De acordo com a coordenadora do grupo Poliana Guimarães, tudo teve início no Bujari. “Eu fazia artesanato desde menina e sempre quis transmitir meu conhecimento. Foi quando me convidaram para reunir um grupo de pessoas que tivessem interesse em aprender, e hoje podemos ver o quanto tem dado certo”, destaca.
A experiência do grupo no Bujari – que começou nas dependências de uma igreja e hoje possui sede própria – despertou outro grupo de Sena Madureira a replicar a ideia, que já tem previsão de ser aderida também em Rio Branco. Os moldes do projeto foram feitos por um artesão e artista plástico acreano que utiliza técnicas de papel machê e madeira.
E para melhorar ainda mais a produção e finalização do trabalho, a SEPN entregou nesta semana uma máquina de costura ao grupo. Os primeiros produtos confeccionados já foram vendidos, inclusive, na exposição Casa Bordada, na Casa Museu do Objeto Brasileiro, em São Paulo.
Para a coordenadora do Artesanato Acreano Marilda Brasileiro, o bordado vai além de uma atividade econômica, porque valoriza a vida, a convivência e a natureza.
Bordado: arte, renda e entretenimento
No Bujari, o grupo reúne no momento cerca de 20 pessoas. O jovem Jeferson de Oliveira, 18 anos, conta como a experiência com o bordado tem sido prazerosa para toda a família.
“Eu trabalhava no pesado numa chácara e ficava muito tempo fora de casa. Aí comecei a ver minha esposa bordando e entregando as primeiras encomendas e quis aprender. Depois vi que não era tão difícil e que a gente ganhava num jogo de guardanapo era o que eu ganhava no meu antigo trabalho. Foi aí que quis me dedicar só a ajudar ela, e assim passamos todo o dia juntos agora trabalhando e cuidando da nossa filha”, comenta.
Quem também descobriu a autossatisfação no bordado foi dona Maria Costa, 69 anos. Aposentada e viúva, ela conta que o projeto chegou num momento de sua vida em que ela lutava contra a depressão.
Ela resume as horas dedicadas ao trabalho como uma terapia ou um momento que dedica a ela mesma ocupando a mente.
“Nem vejo o tempo passar quando estou bordando, não dá nem pra lembrar dos problemas”, relata a bordadeira, que de ponto a ponto, coloca coração e sentimento em tudo o que, de forma delicada tanto quanto sua história, faz pensando com o intuito de agradar.