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Na década de 90, era grande o número de casos de hepatites, cirrose e câncer no Acre. Os pacientes acometidos por essas doenças ou que necessitavam passar por um transplante de fígado tinham de buscar tratamento em outros estados.
O então senador Tião Viana, que é doutor em medicina tropical pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduado em Doenças Infecciosas e Parasitárias pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, convidou médicos hepatologistas e especialistas para desenvolverem uma pesquisa sobre a doença no estado.
O esforço conjunto resultou em um mapeamento da distribuição das hepatites B, C e Delta no Acre e no Brasil e ações patrocinadas pelo Ministério da Saúde (MS), como capacitação de profissionais, criação do curso de medicina na Universidade Federal do Acre (Ufac) e do programa de vacinação contra a hepatite B, que alcançou 90% da população acreana.
Somado a isso, uma forte parceria foi estabelecida entre o governo do estado e o grupo Hepato, de São Paulo, o que possibilitou que o especialista em cirurgia do aparelho digestivo Tércio Genzini e parte de sua equipe passasse a vir periodicamente ao estado para atender os pacientes s e realizar cirurgias, quando necessário.
[aspas fala=”Os atendimentos inicialmente eram somente clínicos. A partir de 2004, começamos a realizar cirurgias maiores e também começamos a organizar o processo de implantação do transplante de fígado no estado” autor=”Dr. Tércio Genzini”]
Foi também graças ao olhar sensível de Tião Viana para as doenças do fígado que o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), localizado no Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco, também conhecido como Unidade do Fígado e Doenças Tropicais foi criado em 2010.
A unidade, que já atendeu mais de 23 mil pacientes, é referência não apenas para o tratamento de hepatites, mas também de outras patologias como Aids e tuberculose. Atualmente, o SAE tem cerca de novel mil pacientes em tratamento.
O SAE atende, em média, 450 pacientes por dia, entre agendamentos, consultas, exames, coletas e entrega de medicamentos. A equipe é composta por 15 médicos infectologistas, um pediatra, um clínico-geral, dois gastroenterologistas, dois assistentes sociais, um odontólogo e uma educadora.
[aspas fala=”São cerca de 60 exames por dia e 1.600 consultas por mês, além da dispensação de medicamentos. Atendemos não apenas pacientes do Acre, mas do Amazonas, Rondônia, Peru e Bolívia” autor=”Diretora do SAE, Edna Gomes”]
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Transplantes de fígado: avanço na Amazônia
O maior avanço para a área, no entanto, veio com o início das cirurgias de transplantes de fígado no estado, em 2014, sob a coordenação de Tércio Genzini. Desde então, já foram realizados 24 procedimentos.
O Acre é um dos estados que mais realiza transplante de fígado em todo o país, ficando atrás apenas do Distrito Federal, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
“Foi um longo processo até que o Hospital das Clínicas (HC) estivesse apto para oferecer as condições ideais para a realização dos procedimentos, mas correu tudo perfeitamente e o Acre segue agora sendo modelo para o resto do país”, complementou Genzini.
O primeiro acreano a passar por um transplante de fígado fora do estado, Álvaro Melo – ex-jogador de futebol –, 65 anos, relembra com alegria o apoio que recebeu de Tião Viana na batalha contra a hepatite C que durou quase 20 anos.
“Foi com ele que iniciei o tratamento, em 1996. Fui para São Paulo, fiz o transplante, mas a hepatite não negativou. Tive que continuar com a medicação”, conta.
“Curú”, como é mais conhecido o ex-jogador, também foi um dos primeiros pacientes do SAE a receber a nova medicação disponibilizada pelo MS em 2016 para o tratamento da hepatite C. Com essa medicação, ele conseguiu a negativação da doença.
“Eu reconheço o esforço desse governo no combate às hepatites no Acre. Só tenho a agradecer não apenas ao Tiao Viana, mas também ao Dr. Tércio, Martoni Moura, toda a equipe do SAE que faz um excelente trabalho e tantos outros que me ajudaram e ajudam no tratamento”, concluiu Curú.
O Acre foi o segundo estado do país a receber os medicamentos que aumentam em mais de 90% a chance de cura e têm menor efeito colateral.
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