Com um olhar de enaltecer os conhecimentos adquiridos pelos moradores da floresta e agregar novos saberes a suas práticas cotidianas, tanto na conservação da natureza quanto na extração sustentável de suas riquezas, assim foi a percepção promovida na primeira oficina de capacitação sobre Manejo Florestal Comunitário Madeireiro.
Cerca 40 agricultores, representantes de organizações comunitárias, participaram nesta semana da formação na Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex) , entre Rio Branco e Capixaba, que desenvolveram suas habilidades em organização social e gestão de projetos.
O curso é uma iniciativa do governo do Acre, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), que recebe o financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ele ministrado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), entidade sem fins lucrativos que promove mudanças nos setores florestal e agrícola visando a conservação e o uso sustentável de recursos naturais e a geração de benefícios sociais.
“Uma grande oportunidade de conhecer novas maneiras de explorar cuidadosamente a floresta, na forma de tirar a madeira e fortalecer as demais atividades da agricultura familiar”, relata Gerson Ferreira, conhecido como “Bacurau”, secretário da Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Chico Mendes, em Rio Branco e Capixaba (Amoprecarb).
Trata-se de uma pedagogia participativa que respeita as diversidades, detecta qualidades, reflete sobre problemas da comunidade e promove uma troca intensa de conhecimentos, na qual a figura do professor e do aluno se alterna durante os diálogos.
“Ficamos satisfeitos com esta formação, pois dela vão sair boas ideias para a gente trabalhar com manejo, reforçar a renda com a castanha e a seringa, além de nos organizarmos para buscar benefícios para a comunidade”, comenta Raimundo Fernandes, o “Biúca”, coordenador do núcleo da comunidade Pedrinha, da Amoprecarb.
“Minha gratidão ao governo por essa possibilidade de ganhar, compartilhar conhecimentos e poder repassar à minha comunidade as técnicas de como trabalhar e conservar a floresta”, afirma o extrativista Vitor Sales, da comunidade Belém/Cumaru.
O cronograma de atividades está composto por seis oficinas temáticas de capacitação num período de um ano, que envolve organizações comunitárias de Rio Branco, Capixaba, Xapuri, Assis Brasil, Cruzeiro do Sul e demais regiões do Vale do Juruá envolvidas no Programa Lideranças da Floresta, que compõe o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre (PSDS II) ,que investe R$ 3.563.139.
“O programa vai fortalecer as associações locais que trabalham com manejo comunitário madeireiro e não madeireiro. No total, serão 34 associações e 600 comunitários mais bem preparados para compreender as atividades socioeconômicas e produtivas que estão inseridas, contribuindo para a valorização dos produtos da floresta e para o avanço econômico da atividade florestal no Acre”, informa o secretário de Estado de Meio Ambiente, Edegard de Deus.
O gestor ressalva que para o êxito da capacitação foi fundamental o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) e que somadas as oficinas, assessorias e intercâmbios, a carga horária do projeto será de 300 horas, com certificados entregues ao término de cada atividade. A próxima etapa nessa Resex será realizada em outubro próximo.