“O Acre está no caminho certo”, disse o secretário de Estado de Meio Ambiente do Acre, Edegard de Deus, em entrevista para o programa Bom Dia, Aldeia desta terça-feira, 5 de setembro, na Rádio Aldeia 96.9 FM. Como prova de que o Acre trilha o caminho da sustentabilidade, o secretário apresentou dados. “Saímos de um modelo predatório e, com isso, reduzimos o desmatamento em 50% nos últimos dez anos. Caímos de 50 mil hectares por ano para 25 mil hectares por ano”.
Nos últimos 20 anos, houve uma grande mudança de paradigma no Acre e o estado passou a adotar um modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade e fez valer o conceito da florestania – a cidadania da floresta.
E no Dia da Amazônia, data que celebra a maior floresta tropical do planeta e também os desafios para o desenvolvimento da região, o Acre mostra que é possível oferecer oportunidades de trabalho e renda para a população sem devastar novas áreas.
O estado possui 87% de floresta preservada, grande parte em terras indígenas e unidades de conservação. O governo intensificou a produção nas áreas abertas, que já foram desmatadas no passado, tornando essas áreas mais produtivas e rentáveis, por meio de sistemas agroflorestais, criação de pequenos animais, programa de piscicultura, mecanização agrícola para minimizar o uso do fogo e as florestas plantadas, como açaí e seringueira.
Com as políticas e os mecanismos de conservação adotados pelo governo do estado, até mesmo a pecuária, que antes representava uma grande ameaça à floresta, aumentou sua produção sem desmatar novas áreas. “Triplicamos o rebanho bovino nas áreas abertas. Saímos de um milhão para três milhões de cabeças em todo o estado”, diz o secretário.
Povos da floresta
Durante a entrevista na Rádio Aldeia, Edegard de Deus fez uma saudação especial a algumas personalidades que fizeram a diferença nessa trajetória, como Francisco Pyanko, Raimundão, Benke, Chico Mendes e todos os povos indígenas do Acre que lutam pela conservação da Amazônia. “Chico Mendes morreu por uma floresta com trabalho e renda para a população e fez uma aliança em defesa da maior riqueza que um povo pode ter: a biodiversidade exuberante da nossa floresta”, relembra.
Como alternativa para o desenvolvimento econômico, o secretário defende o manejo sustentável de princípios ativos da floresta, que podem ser processados na forma de alimentos, remédios, cosméticos e tantos outros produtos que podem oferecer bem-estar e qualidade de vida à população sem destruir a natureza.
Ele destacou ainda a capacidade da floresta como reguladora do clima, já que ela tem a capacidade de interferir no ciclo da chuva de outros estados e países da América do Sul. “Hoje, sofremos as consequências do desmatamento de aproximadamente 20% da cobertura florestal do bioma, nos últimos 40 anos. A Amazônia é nossa galinha dos ovos de ouro, não podemos permitir que, em um curto espaço de tempo, destruam nosso maior patrimônio”, conclui.