A sensibilidade e a delicadeza no cuidado de pessoas com deficiências visuais são fundamentais para o sucesso do tratamento de visão reduzida não corrigível, como a baixa visão. E são atitudes assim que impressionam no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual do Acre (CAP-AC).
O centro, que realiza um verdadeiro trabalho social, formou esta semana 25 alunos no curso de Apoio Pedagógico para Alunos com Baixa Visão. A capacitação, ofertada pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação e Esporte (SEE), e o CAP-AC, atende professores da rede pública e particular do Acre.
Nesse sentido, o Estado decidiu inovar na qualidade de aprendizado dos alunos com deficiência, dentro e fora da sala de aula. Isso porque participam da formação, além de professores, familiares de pessoas com baixa visão e, inclusive, pessoas que possuem deficiência visual, sendo três, atualmente, no CAP de Rio Branco.
A aluna Sharlene Tojal é professora de educação infantil e não hesitou em procurar o curso pois, segundo ela, vai auxiliá-la no cuidado de crianças na escola. “Existe uma necessidade de conhecer as pessoas deficientes visuais para podermos guiá-las ao conhecimento. A formação que tivemos aqui será primordial para as práticas em sala de aula”, afirma.
A formação dos professores os capacita para atuar no ensino especial com atendimento específico e qualificado, atualizando sobre recursos disponíveis e repassando métodos para o atendimento dos alunos.
A baixa visão é uma deficiência silenciosa e que pode atrapalhar significantemente a vida dos estudantes. No entanto, com o apoio dos profissionais do CAP-AC, esse tratamento ficou muito mais fácil.
Elivania de Fausto é mãe de uma criança de 14 anos com deficiência visual. Ela diz que o aprendizado no CAP-AC foi essencial para lidar com a criação da filha. “Ajudou significativamente no rendimento escolar da minha filha e também nas adaptações dela nas tarefas simples de casa. Antes eu não tinha noção da dificuldade que ela enfrentava com essa deficiência, hoje eu sei perfeitamente o que ela entende do mundo.”
A ideia é ampliar as atividades da escola regular para esses cursos. A didática envolve recursos manuais que facilitam a interação dessas pessoas. Maria de Fátima, uma das professoras da capacitação, diz que a formação é a salvação para pais com dificuldade de lidar com filhos deficientes visuais também em casa. Ela cita o exemplo de Elivania, que melhorou significativamente o aprendizado da filha, entendo a situação dela.
“Aqui nós ajudamos em muitos aspectos, o público alvo do curso são os professores de sala de aula e acadêmicos, mas ofertamos vagas também para a comunidade, pois sabemos da dificuldade que pessoas deficientes visuais enfrentam no cotidiano. Nossa prioridade também são essas pessoas”.
O CAP iniciou suas atividades no estado há 17 anos, abrangendo todo o Acre. O centro oferta vários cursos voltados à área de deficiência. Para a coordenadora, Gercineide Maria, o curso se tornou um legado do governo do Acre para os mais necessitados. “Temos diversos cursos abertos ao público específico e a comunidade em geral. São mais de 70 formandos atualmente, melhorando a qualidade de ensino das pessoas deficientes visuais do nosso Estado”, garante.
Baixa visão
Baixa visão é o comprometimento do funcionamento visual em ambos os olhos, mesmo após correção de erros de refração comuns com uso de óculos, lentes de contato ou cirurgias oftalmológicas.
Trata-se de uma definição técnica e quantitativa. Baixa visão é para quem tem uma acuidade visual menor que 0,3 (Snellen), até a percepção de luz ou um campo visual menor que 10 graus do ponto de fixação.
Pode ser resultado de fatores congênitos ou adquirida. Refere-se a pessoas que leem tipos impressos ampliados ou com o auxílio de recursos ópticos. As principais causas da deficiência visual são perda da visão decorrente de ferimentos, traumatismos, perfurações e vazamentos nos olhos. Durante a gestação, doenças como rubéola, toxoplasmose e sífilis podem causar a deficiência na criança. Infecções em recém-nascidos também podem causar déficits visuais.
Tratamento
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza avaliação funcional da visão por um profissional experiente da área de educação/reabilitação, com o objetivo de observar se o indivíduo está utilizando sua visão normalmente.
Assim, o indivíduo pode ser potencialmente capaz de usar a visão para o planejamento e execução de tarefas. O trabalho educativo pode promover uma inserção social do indivíduo com deficiência visual, seja no ambiente domiciliar ou profissional.
No entanto, deve ter o devido acompanhamento de profissionais especializados para adquirir melhor orientação espacial, saber se alimentar adequadamente e utilizar auxílios ópticos (como lupas especiais, bengalas etc.). Porém, para cada caso e problema existe uma abordagem específica.