Uma das principais consequências deste período de estiagem interfere diretamente no cotidiano: o aumento no consumo de água. No entanto, o atendimento pleno dessa demanda fica comprometido pela redução do volume de água de rios e mananciais.
Um exemplo dessa realidade está condicionado aos mais de nove mil moradores de Bujari, que vivencia uma redução no fluxo de abastecimento. Com a pouca quantidade de água, muitas dificuldades vêm à tona.
“Tudo começa a ser racionado em casa: o banho e a limpeza, fora o acúmulo de louças e roupas sujas, ou seja, um tormento para qualquer dona de casa”, relata Gicélia de Souza, moradora da Rua Manoel Lima, que fica na parte central.
Outro agravante desta situação está no aumento dos gastos financeiros dos habitantes, como comenta Maria do Carmo Cruz, moradora da Rua Expedito Pereira. “Quando a caixa d’água seca, ou você compra água ou fica sem fazer as coisas de casa. Não temos saída, nosso orçamento do mês fica comprometido, por isso precisamos de ajuda” disse.
No intuito de amenizar os problemas vivenciados pelos moradores, assim como Gicélia e Maria do Carmo, há dez dias o governador Tião Viana determinou o envio de oito caminhões-pipa para auxiliar o Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) no município.
Mais de 640 mil litros de água tratada saem da ETA 2 em Rio Branco para a central do Bujari, que os distribui para as mais de 1.500 ligações domiciliares.
Outra atuação estratégica para superar essas adversidades está no uso consciente da água. Os agentes de contato social do Depasa percorrem a área urbana do Bujari para dialogar com a comunidade, além de detectar pontos de vazamentos e encaminhar as solicitações para os imediatos reparos.
A medida é elogiada pelo aposentado Antônio Neto Rocha. Segundo ele, a educação é fundamental para as atuais adversidades. “Se a torneira está pingando, feche! A mesma coisa vale para a caixa d’água, porque o desperdício que eu vejo aqui é muito grande. As pessoas precisam ter mais consciência”, aconselha Rocha.
No entanto, o município também possui bons exemplos, como o de Maria Luzanira do Nascimento, moradora da Rua da Saudade, que realiza o aproveitamento da água que utiliza nas máquinas de lavar roupa.
“Uso essa água de sabão para limpar toda a casa, varanda e o que precisar. Mesmo tendo poço no meu quintal, isso não me dá o direito de gastar água à toa. Isso é um desrespeito com quem está passando por dificuldade. O momento é de economizar, para não faltar”, disse.
Abastecimento
Nas últimas semanas, a autarquia implantou uma intermitência de três dias no fluxo de abastecimento, para recuperar a lâmina d’água do Igarapé Redenção, manancial que deságua no açude da Estação de Tratamento de Água (ETA).
O ponto mais profundo do reservatório do Bujari está com uma média de 30 centímetros, enquanto a sua capacidade é de cinco metros.
Setores públicos
Unidades de saúde, educação, judiciárias e demais órgãos públicos recebem o abastecimento contínuo. “Temos um caminhão-pipa que ronda a cidade exclusivamente para distribuir água nas escolas e hospitais, a fim de proporcionar o pleno funcionamento desses locais”, informa o diretor de Operações do Depasa, David Bussons.
O gestor ressalva que a autarquia mantém contatos com os administradores do Aeroporto de Rio Branco para encaminhar o abastecimento do terminal aéreo.
Situação de Emergência
A Defesa Civil Nacional reconheceu na semana passada o decreto de situação de emergência assinado pelo governador Tião Viana dia 25 de agosto.
O documento tem a abrangência para as cidades de Brasileia, Porto Acre e Rio Branco, que também convivem com os danos da seca, principalmente os moradores da zona rural.
“Após o reconhecimento da situação desses municípios, estamos na expectativa de receber ajuda federal para o Bujari, onde vivenciamos uma situação crítica. Graças ao auxílio do governador Tião Viana, estamos atendendo as soluções da comunidade”, destaca Bussons.