Estudantes de nove escolas da rede pública do Acre se reuniram no Teatro Plácido de Castro, na noite desta terça-feira, 17, para a final da 5ª edição do Festival de Coral Estudantil. Grandes produções, com apresentações teatrais, dança e canto, marcaram a noite e impressionaram os espectadores pela qualidade das performances.
O projeto é uma parceria da Polícia Militar do Estado do Acre e Secretaria de Estado de Educação e Esporte, e faz parte das ações do Programa de Mãos Dadas com a Escola. De acordo com a coordenadora do programa, Vera Lúcia Pires, “o maior objetivo do concurso é desenvolver paz nas escolas”.
“É uma nova fase da nossa educação, que está incentivando a atuação do adolescente para afastá-lo do mundo da violência e das drogas. Há alguns anos não havia esse tipo de programa. Era só giz, apagador e professor. Hoje a escola vive uma realidade muito atuante”, declara a coordenadora.
Durante os cinco anos, cerca de três mil alunos já passaram pelo festival, e segundo o idealizador, o subtenente Edson Israel Lira, outras cidades já vem fazendo festivais no mesmo formato.
“Hoje nós temos alunos que fazem canto lírico na Europa e também os que seguiram a carreira profissional de música. E o melhor de tudo isso é que nós conseguimos tirar muitos das drogas e da violência. Eles são inseridos numa família a qual podemos chamá-la de coral das escolas.”
Pensamento semelhante é compartilhado por um dos jurados do festival, o coronel Ulysses Araújo. Ele explica que projetos sociais como esse “tiram o foco do adolescente para algumas situações de risco, como o envolvimento com drogas, com o crime e com facções, e mostra para eles uma cultura verdadeira, desperta para educação, para ensino, para a disciplina”.
“O talento que eles possuem, os talentos que estão escondidos, descobrimos aqui nesse local”, pontua Araújo.
Esse é o caso do estudante Marcos Vinicius da Silva, 18 anos, ex aluno da escola Boa União e que hoje cursa o segundo período de Física na Universidade Federal do Acre. Marcos conta que participou desde o início do projeto, em 2013.
“O coral sempre foi minha paixão, e foram muitos anos e estou aqui para ver o desenvolvimento da minha escola”, diz ele.
Marcos ressalta que a transformação que a música proporcionou em sua vida, e na de seus amigos na época, foi algo muito importante.
“O coral me libertou para cantar, oferecendo não só a mim, mas a muitos jovens da minha escola, a oportunidade de criar um vínculo familiar. Então o coral foi para mim e para os meus colegas uma grande mudança de vida. Foi o nascimento da paixão pela música e pela arte”, comemora o jovem.
A música e física são duas paixões e estão intimamente relacionadas na vida do estudante.
“A música me incentivou a estudar para outra paixão, a física. A música é uma arte que está presente em tudo e a natureza tem a sua própria música. O universo tem os seus sons e a física é cheia dela”, filosofa Silva.
Escola do Tancredo Neves é a grande campeã
Ao final das apresentações, três escolas foram classificadas em primeiro, segundo e terceiro lugar. As premiações foram patrocinadas pela Imobiliária Ipê.
O grande campeão da noite foi o coral ‘Assobio’, da Escola Professor Pedro Martinello, no bairro Tancredo Neves. Com o tema “África”, o coral conquistou pela segunda vez a primeira colocação.
“A nossa comunidade está muito marginalizada e, por isso, a cultura e a arte é o nosso resgate”, declarou, entusiasmada, a gestora da instituição, Catiane Andrade.
Uma das 70 vozes do coral, campeão, a estudante Yasmim Oliveira também comemorou. “É muito bom porque a gente batalhou muito. Foram muitos obstáculos, e a gente conseguiu, é muito gratificante.”
O segundo lugar foi para o coral da escola Humberto Soares, que participou pela primeira vez do festival. E a terceira colocação foi para o coral Maranata, da escola Argentina Pereira Feitosa, de Capixaba.