Em coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira, 12, a governadora em exercício Nazareth Araújo informou sobre o monitoramento que o governo do Estado tem feito diante da cheia do Rio Madeira e o risco de inundação da BR-364.
Segundo a governadora em exercício Nazareth Araújo, para que não haja uma elevação do Rio Madeira a ponto de cobrir trechos da BR-364, como na cheia histórica de 2014, é essencial que as hidrelétricas da região cumpram com as medidas necessárias de vazão.
“Que haja regulação do sistema para que a oferta de energia não prejudique nem isole o Estado do Acre”, afirma Nazareth Araújo sobre a potência das usinas. “Com a base técnica que temos e usando o poder de gestão, o Estado do Acre se dirigiu à Presidência da República para que seja emitido o comando dessa regulação. Nós queremos o mesmo tratamento do princípio federativo que garanta o bem estar da nossa população”, completa.
A partir da próxima semana será criada uma Sala de Crise junto à Casa Civil da Presidência da República e Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília, reunindo diversos órgãos federais com o objetivo de acompanhar os extremos climáticos do país e realizar um monitoramento maior nas hidrelétricas que atuam na região, com um enfoque no Rio Madeira, que apresenta níveis altos para o começo do ano.
Numa conversa entre a governadora e o superintendente de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA), Joaquim Gondim, o consenso é de que há poucas chances de a cheia do Rio Madeira ser igual ao volume histórico de 2014, quando o Acre se viu isolado e com uma crise de abastecimento devido à alagação da BR-364.
Chuvas não são superiores a 2014
Segundo a diretora técnica do Instituto de Mudanças Climáticas, Vera Reis, o quadro climático da região é preocupante, mas não como em 2014, onde nunca foi visto um volume chuvas como o apresentado, isolando o Acre por quase 60 dias. Ainda assim, o estado não pode deixar de monitorar toda a situação em tempo integral e cobrar do governo federal e das hidrelétricas da região uma postura para que o estado não passe por situação semelhante.
“Temos uma instabilidade que permanecerá por alguns dias, no entanto, nós não teremos uma situação equivalente a de 2014. Estamos com uma La Niña ativa, mas de fracas proporções e essa condição não vai levar o Rio Madeira a de 2014. Porém, sabemos que na área do Abunã, além da influência de águas do Peru e da Bolívia, há um remanso da usina”, conta Vera Reis.
Situação atual
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Acre, coronel Carlos Batista, visitou na última quinta, 11, as áreas onde o Rio Madeira mais se aproxima da BR-364. Ele lembrou que o manancial está hoje na marca de 19,96 metros, que os pontos da estrada afetados em 2014 foram elevados em 1,5 metro e que é necessário chegar a cota de 22 metros para começar a atingir a rodovia.
“A gente fez uma vistoria em toda a área de mais de 25 quilômetros da BR-364 que foi inundada em 2014. Há regiões que a lâmina d’água está realmente muito próxima da rodovia. Desde 2015 a hidrelétrica de Jirau faz a regulação do nível dessa água. No entanto, se houver chuvas de grandes proporções, pode haver a inundação, desde que a usina não faça essa regulação”, conta Batista, que mantém contato frequente com a Defesa Civil de Rondônia.