Aberta desde dezembro de 2017, no prédio do Itaú Cultural, em São Paulo, a exposição Una Shubu Hiwea – Livro Escola Viva do Povo Huni Kuin do Rio Jordão, chama atenção de quem passa por lá.
A mostra – disponível até o dia 13 de fevereiro – é desenvolvida colaborativamente por representantes desta etnia, ao lado da editora Anna Dantes, do artista Ernesto Neto e da equipe do Itaú Cultural, com organização do Pajé Dua Buse, que é a força deste povo, por meio da qual representam suas pesquisas, seus tratamentos de cura e conhecimentos ancestrais, juntando ciência e a arte com pinturas, cerâmicas, tecelagens e elementos do cotidiano.
Ao todo, a exposição conta com dois pisos do prédio, e traz detalhes como a reprodução das pinturas dos rios, desenhos e cadernos originais que registram pesquisas, relatórios de tratamentos e inventários de plantas nos parques medicinais, vídeos com a fala de pajés, mural de transformação dos pajés antigos em plantas medicinais para curar seu povo, uma jiboia – símbolo de transformação para eles – acompanhada de 36 bancos que representam cada uma das aldeias dos rios do Jordão e Tarauacá.
“A exposição é simples, sem mistério, não tem aparato tecnológico. Os desenhos não têm moldura, as imagens aéreas do Jordão são incríveis, tem 100% de acessibilidade, despretensioso ao extremo. A cara do Acre”, aponta a diretora-presidente da Fundação Elias Mansour, Karla Martins,
Em entrevista para a Rádio EBC, a editora Anna Dantes contou que uma das mais importantes características dessa exposição é que os pesquisadores dela são os próprios Huni kuins: “A indicativa desse projeto foi a partir do fechamento de cadernos de todas as aldeias dessa etnia, e a partir disso vimos que era um trabalho maravilhosos e que poderia resultar nessa mostra”.
A indígena Rita Dani, que trabalha na exposição, destaca que não foi fácil levar a cultura da floresta do Acre para um lugar tão longe como São Paulo. “Foi um grande desafio, mas ficamos agradecidos e satisfeitos por trazer informações do nosso povo para cá, pois para todos nós, tanto indígenas, quanto brancos, é importante mostrar e saber de onde os Huni Kuin vieram e de onde surgiram”, afirma.