Até o fim do ano, governo do Acre pretende alfabetizar mais de 60 mil jovens e adultos por meio do Programa Quero Ler, tirando o estado, definitivamente, do mapa do analfabetismo. Até agora, já são mais de 51 mil pessoas que enxergam a luz do mundo pelas letras.

Entre essas milhares de pessoas está a dona Vicencia Matias de Almeida, de 77 anos. Moradora do município de Feijó, ela é uma animada e atenta aluna da quarta etapa do Programa, que está em execução. Exemplo de vida, ela incentiva outros alunos a aprender a ler e a escrever.

O grande incentivo de dona Vicencia a procurar o Quero Ler foi a vergonha que passava, segundo ela, toda a vez que ia ao Fórum da cidade. “Quando a gente ia lá, no meio da sociedade, tacava o dedo naquela tinta, e eu achava muito feio. Mas essa vergonha eu não passo mais porque já aprendi a fazer o meu nome”, faz questão de dizer.

Sua história não é muito diferente de outras. Assim como tantas experiências, também nasceu em um seringal, o Macau, no município de Tarauacá. Viveu até os 13 anos em uma colocação chamada Areia e ainda morou no seringal São Domingos. Em Feijó, foi trabalhar “na casa dos outros”, como ela mesmo diz, para sustentar os filhos.

Para ela, o que mais chama a atenção é que hoje é possível estudar praticamente em qualquer lugar, bem diferente do seu tempo de juventude, quando as condições eram precárias e não havia acesso à escola como hoje. “Eu, por exemplo, nunca estudei porque sempre morei na zona rural”, disse.

Alguns fatores são importantes, na sua avaliação, para que a pessoa possa aprender a ler e a escrever. O primeiro é o esforço, a vontade própria de cada um, mas ela destaca que a oportunidade dada pelo governo do Acre é fundamental. “Essa programa foi uma grande vantagem dada pelo governo para quem não sabe ler, porque se não fosse ele a gente não iria aprender”, destaca.

Até por conta da idade, dona Vicencia não pretende continuar os estudos depois que concluir o módulo do Quero Ler como faz uma parte dos alunos do Programa, que ingressam na Educação de Jovens e Adultos (EJA) . “Mas assinando o meu nome, como já assino, e lendo a minha Bíblia, já estou mais do que satisfeita”, comenta.

Quero Ler em Feijó

No município de Feijó, o Programa Quero Ler está no quarto módulo. Ainda há o quinto para ser executado, cujas matrículas ainda estão sendo realizadas. Nesse momento, estão em funcionamento 66 turmas, sendo 33 rurais e 33 urbanas, onde estudam 734 alunos.

A quinta etapa, que contemplará 71 turmas e um total de 768 alunos, terá início no dia 25 de julho e até o final do ano, o governo Acre atingirá a meta de alfabetizar em torno de 4,9 mil jovens e adultos somente no município. Dos módulos anteriores formaram-se nove turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA).