Fabiana Pereira dos Santos, 28 anos, está concluindo a sonhada graduação. Nascida em Assis Brasil, veio para Rio Branco há 18 anos. Aos quatro, teve paralisia infantil, mas não se lembra de ter andado antes. Aos 10, foi alfabetizada pela família que a acolheu na capital.
“Quando cheguei aqui, não sabia ler nem escrever. Fui alfabetizada em casa, para depois poder ir para a escola.”
Aos 23 anos ela ingressou no curso de Matemática na Universidade Federal do Acre (Ufac), por meio do Programa Especial para Formação de Professores de Matemática (Proemat). E a matemática sempre foi sua paixão.
“A matemática que me escolheu. Eu sempre dei aula particular de matemática, mas fazia o vestibular para Direito, e acho que nunca passei por conta disso. Na primeira vez que prestei para matemática, em 2012, passei, mas não vi a chamada e perdi. Em 2013, com o Proemat, deu tudo certo”, conta Fabiana.
Os anos na universidade foram só alegria, e apesar da paralisia e dos problemas pulmonares, as dificuldades foram poucas. “Tive muito apoio dos meus amigos”, reconhece.
Hoje, Fabiana é uma entre os 62 alunos que receberam o diploma de licenciatura em Matemática. Mas ela quer mais. Em julho começa um curso de pós-graduação pela educação inclusiva para chegar ao objetivo de ser professora.
“A educação é tudo para mim. E eu quero ir para a sala de aula. Não ligo muito para minhas dificuldades, pois sei que vou vencer.”
A cerimônia de formatura ocorreu no Teatro Universitário da Ufac e também reuniu 45 formandos em Pedagogia pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor).
O sonho de ser professora
Outra formanda que está realizando do sonho da graduação é Elenilda Farias. Trabalhando há 17 anos na Educação, ela obteve a capacitação pelo antigo 2º Grau Magistério.
Em 2012 teve que deixar a sala de aula por não ter a formação superior em Pedagogia. Atualmente, ela trabalha na escola Madre Hildebranda da Prá como mediadora.
A graduação em Pedagogia vai proporcionar a Elenilda a oportunidade de voltar à sala de aula.
“O curso abriu mais horizontes para eu poder continuar trabalhando na Educação, fazer as formações. Porque sempre ficava aquela lacuna, por eu não ser pedagoga de formação. É uma vitória, porque agora eu vou fazer o que eu realmente gosto que é ser professora”, comemorou.
Parfor e Proemat: formando novos profissionais para a Educação
Com turmas formadas em Brasileia, Cruzeiro do Sul, Tarauacá e por fim Rio Branco, o Proemat é um Convênio do Governo do Acre com a Ufac que proporcionou à comunidade a chance de fazer o curso de licenciatura em Matemática. De acordo com a diretora de inovação da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE), Cleide Prudêncio, foram oferecidas 400 vagas nas quatro cidades do estado.
“Para a SEE este é um programa de extrema importância porque supre a necessidade de professores de matemática, principalmente nos municípios. Os cursos foram oferecidos nas cidades e as pessoas agora vão poder participar de concursos públicos e dar aula na rede pública de ensino”, explicou a diretora.
Para o coordenador do Proemat e do Curso de Matemática da Ufac, Edcarlos Miranda, o programa é muito importante para o desenvolvimento do estado.
“Traz novas perspectivas de você ter um profissional para atuar na docência com a formação acadêmica adequada. A gente espera que no futuro isso possa se mostrar em bons resultados para com os alunos, trazendo bons resultados para toda a sociedade, dando retorno a todo o investimento público”, considerou o coordenador.
Já o Parfor é um programa do governo Federal, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), realizado e executado pela Ufac, com apoio da SEE e demais secretarias municipais que proporciona formação aos profissionais de educação que já atuavam na área e não tinham a licenciatura.
No Acre, até o fim do ano, o Parfor vai formar mais de 800 professores. Ainda estão previstas formaturas para Sena Madureira, Santa Rosa, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter.