Às 5 horas da manhã Ryan Nogueira desperta, toma café, ajuda os pais nos afazeres do campo e, antes mesmo das 7 horas, sai de casa, porque ele ainda precisa pegar um ônibus e andar por quase 27 quilômetros até chegar ao Colégio Militar Dom Pedro II, onde estuda o 1º ano do ensino médio. A escola fica na capital, distante 26,9 km de Senador Guiomard, cidade onde ele mora.
“No meu município tem escola, mas eu queria estudar aqui, e por isso faço esse sacrifício todos os dias, porque aqui tem tudo que eu sonhei. Aqui eu vejo meu futuro, vejo tudo que eu quero ser um dia, tudo o que eu quero ser, tudo que eu busco vem daqui. Aqui vem sendo minha maior motivação”, conta o esperançoso aluno, que sonha em seguir na carreira militar.
O Dom Pedro II é um dos três colégios públicos militares do Acre e completou, no último dia 16 de junho, um ano de atuação. E mesmo com pouco tempo, a aceitação da comunidade é grande. Famílias inteiras mudaram suas vidas para se adequar à rotina da escola, como é o caso da mãe de João Victor Almeida, colega de Ryan.
Mãe se muda para morar perto da escola dos filhos
Maria Almeida deixou a casa própria para morar de aluguel, só para ficar mais perto do colégio dos filhos. “Queria que meus filhos estudassem aqui, então mudei minha vida e de minha família completamente. Saí da minha casa para morar de aluguel, só para ficar perto do colégio e não me arrependi”, conta.
O Colégio comandado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC) fica localizado no bairro Santo Afonso, uma das zonas periféricas de Rio Branco, e atualmente atende cerca de 781 alunos.
“O Colégio Militar foi uma benção pros meus filhos, minha filha melhorou muito, muito mesmo. Meu filho não queria vir pro Colégio Militar porque o pessoal falava que era um bicho de sete cabeças, isso e não sei o quê, e realmente não é. As pessoas tratam as crianças maravilhosamente”, conta a mãe, que hoje mora em frente à escola e é chamada pelos alunos de “tia”, já que tem um lanche que atende quase toda a escola.
Escola inclusiva
João é cadeirante e a proximidade com a escola facilita, já que não precisa pegar transporte para chegar. Aliás, a inclusão de alunos com necessidades especiais é um dos diferenciais da instituição. O Dom Pedro II é o primeiro colégio militar do Brasil a aceitar alunos com necessidades especiais.
“Nós temos 23 alunos especiais, mas nós temos outros vários casos de alunos que estão sendo analisados. Eu tenho certeza absoluta que ela é uma escola inclusiva”, diz a coordenadora, Katiúcia Crispim. A coordenadora lembra ainda que o Colégio tem um papel social, fundamental na comunidade, que é “resgatar a família, tirar aluno de situações de risco”.
O diretor da instituição, Major Craveiro, relembra que o local para a instalação da unidade escolar, o loteamento Santo Afonso, foi definido estrategicamente, levando em consideração indicadores sociais e econômicos da comunidade.
O comandante destacou, ainda, que os profissionais da área educacional fazem parte do corpo docente da Secretaria de Educação do Estado. “Os militares entram com a parte disciplinar, regimento e aulas, instruções cívicas, primeiros socorros, salvamento, ordem unida, entre outras”, salienta.