Na última segunda-feira, 1º, foi realizada a abertura da primeira etapa do curso Multiplicadores em Vigilância e Saúde do Trabalhador, que acontecerá durante toda a semana.
O curso está sendo ministrado pelo professor e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luiz Carlos Fadel de Vasconcelos, doutor em Saúde Pública. Segundo ele, uma estimativa da Previdência Social é de que ocorram cerca de 700 mil acidentes durante o ano. O dado abrange apenas quem trabalha com carteira assinada.
“Servidor público, funcionário, autônomo, motorista e microempreendedor não estão nessa pesquisa. A saúde do trabalhador, hoje, é um dos mais graves problemas do país. A situação é de calamidade pública. Se você vê alguém na rua, morador de rua ou pessoa pedindo esmola, pesquise. A maioria deles que têm alguma deficiência é por conta de acidentes de trabalho”, afirmou Luiz Carlos Fadel de Vasconcelos.
Setores como os do transporte, mineração e metalurgia, segundo Fadel, são os que mais causam acidentes aos trabalhadores. No Acre, os ramos de madeireira e agricultura são os mais problemáticos.
“Muita intoxicação por agrotóxico. Nos setores de construções temos muitos acidentes também. No setor bancário, por exemplo, tem muito problema de doença mental e pressão por produtividade. Setor de call center, telefonia, também, muita pressão mental e LER (Lesão Por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho). É uma epidemia”, enfatizou Vasconcelos.
O curso oferecido pela Sesacre, através do Departamento Estadual de Saúde do Trabalhador, ministrado para profissionais da área da saúde, visa impedir o descuido, incentivar o uso dos equipamentos de proteção individual no momento do manuseio de objetos cortantes e perfurantes.
“São muitas situações problemáticas. No serviço de saúde tem muito acidente com perfuro-cortante (agulhas). As pessoas têm que tomar aquele coquetel do HIV depois. Há também muito sofrimento mental, assédio moral. A Vigilância em Saúde tenta impedir isso, fazer as normas serem cumpridas e também criar outros mecanismos, pois, sozinhas, às vezes nem são cumpridas”, destacou Fadel.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro fez uma declaração propondo a redução em 90% das normas de segurança e saúde do trabalho vigentes no país. O cenário, segundo o pesquisador da Fiocruz, será agravado se a proposta do presidente se concretizar.
“O presidente da República anunciou que vai acabar com 90% das normas de segurança. Então já dá para se ter uma noção do cenário que se avizinha se isso acontecer. É um problema muito sério. Eu acho que nós temos que resistir a esse tipo de proposta, nos organizarmos e informar as pessoas para que não tenhamos tantos acidentes no trabalho”, finalizou Luiz Carlos Fadel de Vasconcelos.