Governador e prefeito de Cruzeiro do Sul abriram o 4º Festival da Farinha de Cruzeiro do Sul, na noite desta quinta
O Governo do Estado do Acre e a Prefeitura de Cruzeiro do Sul selaram um acordo pelo fortalecimento da cadeia da farinha de mandioca genuinamente cruzeirense e que incluirá a identificação geográfica do produto para todo o país, nesta quinta-feira, 26.
Cruzeiro do Sul e região produzem em média 30 toneladas de farinha por mês, além de outra dezena de derivados da mandioca, igualmente, muito apreciados no Brasil e no exterior, segundo a Secretaria Municipal de Agricultura.
Os esforços pelo impulsionamento do produto na região foram anunciados durante a abertura do 4º Festival da Farinha de Cruzeiro do Sul, na noite desta quinta, na praça Orleir Cameli, localizada na avenida Mâncio Lima, centro da cidade. O evento vai até domingo, 29, e foi aberto oficialmente pelo governador Gladson Cameli e pelo prefeito Ilderlei Cordeiro, cujo objetivo maior é estimular a economia local, o turismo e a cultura.
Na ocasião, Ilderlei Cordeiro anunciou que uma emenda de bancada de R$ 1 milhão, de autoria do governador Gladson Cameli quando ainda era senador da República, foi liberada agora para a compra de 150 roçadeiras, dezenas de despolpadeiras e outros implementos agrícolas destinados a 500 famílias de produtores de farinha de mandioca. Outros R$ 700 mil, dessa vez de emenda do deputado Alan Rick, já beneficia os produtores com 20 kits de casas-de-farinha.
Hoje, a farinha do Vale do Juruá – região composta pelos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter –, é reconhecida como de altíssima qualidade. Mas a forma como é produzida e que lhe confere esse status há décadas, precisa ser mais valorizada para que ela se torne definitivamente ícone no setor.
“Acredito que em muito breve o nosso querido município de Cruzeiro do Sul estará ainda mais fortalecido na comercialização da melhora farinha do Brasil”, afirmou o governador.
“E estamos trabalhando para renegociar todos os nossos débitos. Com essa renegociação, que deverá ser concretizada até o início do próximo ano, vamos economizar só com os juros algo em torno de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões por ano, dinheiro que será todo investido em infraestrutura”, completou Gladson Cameli, direcionando-se, principalmente a empresários, secretários e aos pequenos produtores.
A prefeitura local tem o apoio de técnicos do Governo do Estado e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas no Acre, o Sebrae/AC.
Hoje, somente na região de Cruzeiro do Sul, existem pelo menos cinco cooperativas de produtores, segundo o Sebrae/AC, cada uma delas composta por 200 a 220 produtores.
Município está otimista com o comércio e o turismo
O 4º Festival da Farinha de Cruzeiro do Sul está sendo uma oportunidade grandiosa para movimentar o setor de hotelaria, de transporte, do comércio e do turismo. Essa é a opinião do prefeito Ilderlei Cordeiro para esses três dias intensos de evento.
Logo após declarar o festival aberto, ele caminhou com o governador Gladson Cameli pelos setores do evento, esteve na casa-de-farinha montada especialmente para as pessoas que ainda não sabem como se faz a farinha e encontrou um grupo de poloneses que estão na cidade para conhecer o Parque Nacional da Serra do Divisor, um dos maiores cartões postais da Amazônia Brasileira, no extremo oeste do Brasil, dentro de Cruzeiro do Sul.
“Estamos muito otimistas por essa condição, de que receberemos muitas pessoas de outros estados e alguns estrangeiros, que movimentam todos os nossos setores de serviços e do comércio. E nesta edição, pela primeira vez, teremos duas atrações nacionais: a banda Limão com Mel e o Pastor Lucas. Então, com certeza os empresários e mesmo as pessoas que desejarem conhecer Cruzeiro do Sul e suas potencialidades, o momento é esse”, pontuou Ilderlei Cordeiro.
Famílias repassam técnica apurada, de geração em geração, há décadas
Cleiane Oliveira da Costa, 29 anos, faz parte de uma família que há quase 100 anos produz, além da farinha tradicional, o beju, o beléu e a farinha de tapioca, só para ficar nos principais produtos.
Ela e a tia, Francisca Rosa Gomes de Oliveira, 37 anos, participam do festival deste ano, otimistas de que vão vender todas as guloseimas que produzem por dia.
A técnica apurada foi herdada da matriarca Maria Gomes de Oliveira, 77 anos, que também aprendeu com os pais dela. Dona Maria é avó de Cleiane e mãe de Francisca Rosa.
“Desde que eu me entendo como gente que me recordo de minha família fazendo farinha. E eu cresci nesse ambiente que hoje é também o meu ganha-pão, graças a Deus”, destaca Cleiane da Costa. Elas moram na comunidade Belo Jardim, onde existem pelo menos outras sete famílias que também vivem da produção de farinha em fornos comunitários.