A língua portuguesa é imensamente rica com seu alfabeto, suas sílabas, fonemas, palavras e sentidos. Sentidos esses que são diversos, complexos e nos permitem fazer múltiplas combinações no universo da escrita e da fala. Escrevemos ou falamos a partir de experiências que, ao longo de nossas vidas, nos fazem apreender novos significados e ampliar o vocabulário presente em nossas memórias.
Qualquer tipo de sistema é resultante da junção de unidades menores que ao serem agrupadas formam um conjunto maior e coeso. Desta forma, é necessário entender bem o funcionamento das partes para se compreender o real sentido do todo. Não se entende o sistema digestivo sem compreender a função do estômago, por exemplo. Da mesma forma, não seria possível entender o sistema solar, sem o conhecimento dos planetas que o compõem.
A língua portuguesa não é diferente, trata-se de um sistema estruturado com elementos menores, que agrupados, nos oferecem diversas possibilidades de comunicação. A comunicação escrita ou oral, por meio da fala, só é possível devido ao conhecimento que cada indivíduo tem das regras gramaticais e semânticas de uma determinada língua. Assim, dentro do conjunto de elementos disponíveis, cada indivíduo tem a possibilidade de movimentá-los ou organizá-los de acordo com a necessidade exigida.
Desde muito cedo, começamos a internalizar normas, estruturas e conceitos dentro do universo da nossa língua nativa. Tais elementos regulamentam o funcionamento do sistema linguístico. Assim, pode-se dizer que não seria possível compreender o real significado de determinada palavra, se não soubéssemos aquilo que ela representa na estrutura de nossa língua. Se um determinado emissor falar a palavra “copo” a um possível receptor, este poderá não entender, se não tiver conhecimento do significado a ela atribuído na língua portuguesa.
Dentro dela é possível identificar diversas palavras dotadas de significados diferentes, a depender do contexto em que se encontram. Uma mesma palavra pode assumir diversos papéis, desde que em situações diferentes. Aqui mesmo, acabei de escrever a palavra “papéis” com a ideia de sentido, função e não com relação ao papel físico, material escolar.
A palavra “forma”, por exemplo, assume três sentidos diferentes na frase “O homem forma a forma em forma de letra de forma”. Vejamos que na primeira vez em que ela é utilizada, atribui-se o sentido da ação de formar alguma coisa, de fazer, de moldar. Já na segunda vez em que a palavra aparece, o sentido atribuído é o do objeto forma, que pode ser uma forma de bolo, por exemplo. Na terceira e na quarta vez, a palavra significa o formato que é apresentado, sendo que, na quarta esse formato ainda destaca a característica específica de uma fonte tipográfica.
O que dizer então da palavra “coisa”. Ouso até a fazer uma brincadeira e dizer que ela é utilizada para descrever muitas coisas diferentes. Não só essa, mas várias outras palavras apresentam o mesmo tipo de característica. Na construção da teia que estrutura a nossa língua, uma imensidão de sentidos nos envolve, muitas vezes nos assusta, mas também nos encanta com tamanha riqueza que nos apaixona pela nossa língua portuguesa.