Com cardápio variado, que busca atender as necessidades nutricionais de crianças e adolescentes, teve início nesta terça-feira, 11, em algumas escolas cruzeirenses, a oferta das duas refeições que compõem a partir de agora a merenda escolar servida aos estudantes da rede de ensino estadual. O cardápio é composto por frutas, legumes, verduras, carnes, peixe, arroz, feijão, macarrão, açaí, ovos, bolachas e sucos naturais.
Em consenso de que se alimentar de forma saudável é fundamental para o desenvolvimento integral e faz parte do processo de aprendizagem do aluno, a gestão das escolas Padre Carlos Kunz, Colégio Militar Dom Pedro II e Professor Flodoardo Cabral decidiu e se organizou para além da merenda já fornecida, também oferecer, já neste segundo dia de aula, o almoço aos alunos que saem do turno da manhã e que chegam para o turno da tarde.
De acordo com capitão Rômulo Barros, diretor do Colégio Militar Dom Pedro II, a oferta das refeições é algo novo, porém um desafio nobre e importante não só para o colégio, como para as demais escolas da rede estadual, que também estão passando por esse processo de adequação, mas principalmente para as famílias, que precisam da alimentação em suas mesas.
“Toda a comunidade escolar abraçou a causa, pois ter quatro refeições diárias numa escola de rede pública é uma condição inédita. Orgulhamos-nos de ser uma das primeiras escolas voluntárias a aderirem o projeto. Nossa equipe de educadoras alimentares foi preparada, com treinamento específico; nossas instalações estão devidamente higienizadas e nosso pessoal motivado a oferecer o melhor para os nossos alunos, que é o principal, e creio que deve ter sido a ideia do governo do Acre, quando propôs ”, salientou Rômulo.
Apesar da adequação, para a gestora Maria José Páscoa, da escola de Ensino Fundamental Padre Carlos Kunz, uma das escolas localizada em áreas mais carentes da região, a iniciativa foi um sucesso.
Segundo Vitoria Lima, 17 anos, cursando o 2º ano do Ensino Médio da Escola Professor Flodoardo Cabral, essa refeição ajuda muitas famílias carentes. “Almoçar na escola faz com que, nós alunos, tenhamos uma refeição nutritiva, o que muitas vezes não temos em casa”, explicou a aluna.
Se dividindo entre escola e trabalho, Narclécio Lustosa Martins, 18 anos, alunos do 3º ano e estagiário no Banco do Brasil, contou que ficou bem feliz com a iniciativa, já que saí da escola direto para o estágio. “Muitas vezes ficava sem comer, outras minha mãe levava um vaso com comida, e quando dava comprava marmita com o dinheiro que ganho estagiando. Agora, não vou preocupar minha mãe e nem desfalcar a ajuda que dou para minha família comprando almoço, já vou sair da escola alimentado”, pontuou Narclécio.
As escolas terão que se adequar para oferecer as duas refeições diárias sem prejudicar o período das aulas, o horário de serviço dos terceirizados, ou seja, o pessoal de apoio e da cozinha, que é de 8 horas diárias, como também, sobrecarregar a equipe escolar. Para isso, essas escolas pioneiras se organizaram com a produção de escala e rodízio entre os servidores.
A alimentação como uma extensão da aprendizagem
Os especialistas defendem que as escolas lidem com o momento da alimentação como uma extensão da proposta pedagógica. Para tanto, além de orientação, a formação dos hábitos alimentares saudáveis deve buscar o diálogo com os valores culturais, sociais e afetivos, além dos emocionais e comportamentais a cada proposta de mudança, somando ao desenvolvimento integral dos estudantes.
O tema deve estar presente transversalmente no currículo, sendo refletido no momento da alimentação, uma vez que as aprendizagens vão incidir diretamente na escolha dos alunos.