Casos de notícias falsas teimam em se espalhar. E, a não ser que você consiga resistir bem a um infarto ou a um derrame, não leia e nem compartilhe esse tipo de material
Os termos ‘procede?’ ou ‘não procede’ talvez tenham sidos os mais recorrentes nas últimas semanas nas telinhas dos aplicativos de comunicação entre jornalistas, servidores públicos, assessores de imprensa e a população do Acre, quando o assunto é novo coronavírus.
Como numa espécie de sadismo virtual, ou mesmo falta do que fazer, indivíduos continuam a disparar maldosamente cards grotescos de que os supermercados vão fechar, áudios dando conta de que faltam testes para a doença e alguns até choram dizendo que talvez o amigo de trabalho esteja contaminado, porque o fulano está infectado também e ele esteve com a gente lá no trabalho, na festinha da família. “Meu Deus!? O que eu faço?”.
Agora, preste bem atenção. Antes de tudo é preciso saber uma coisa: o seu desespero não mudará em nada o percurso da humanidade. Pelo contrário, é mais provável que você tenha um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral, problemas que podem ser muito maiores que a contaminação por coronavírus, já que este último, para 80% das pessoas passará como uma gripe, às vezes leve, outros casos nem tanto assim, mas com chances seguras de recuperação por repouso e cuidados na quarentena.
A questão não é subestimar o vírus que transmite a Covid-19, que já se mostrou letal pelo mundo e continua a dizimar vidas, sobretudo pessoas com doenças crônicas de pulmão e idosos. Mas ter consciência de que nem tudo que está na internet é real, e que é pernicioso o compartilhamento de fake news – que por si só não é ‘news’ coisa alguma, já que, o que é falso não pode ser considerado notícia no sentido mais amplo do jornalismo profissional.
Um breve levantamento da Coordenação de Comunicação da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), detectou entre os dias 16 e 20 deste mês pelo menos 52 informações falsas, distorcidas ou com um toque de meia-verdade sobre o novo coronavírus e o cenário atual no Acre.
São áudios de pessoas em exercícios de futurologia dizendo que o governo esconde mais de 40 exames confirmados de Covid-19, de gente desesperada afirmando que o estado oculta pacientes internados em estado grave. São imagens enviadas por sindicatos para veículos de comunicação de alcance nacional, como a foto de uma mulher usando uma touca no rosto, no lugar de uma máscara, forjando uma situação de insegurança em Cruzeiro do Sul.
“Essas situações só causam um desserviço enorme às pessoas. Enquanto os nossos profissionais de comunicação poderiam estar atendendo à imprensa com fatos construtivos, úteis para que todos nós passemos esse momento com a maior segurança e tranquilidade possíveis, eles estão ocupados em fazer desmentidos, desatando nós por telefonemas, por notas de esclarecimento e por outros meios”, pontua o secretário de Estado de Saúde, Alysson Bestene.
Para a secretária-adjunta de Saúde, a médica infectologista Paula Mariano, reportagens na imprensa local como a antecipar casos confirmados de coronavírus no interior do estado citando fontes não oficiais, ou especular que o estado está omisso diante do cenário, é de uma irresponsabilidade extrema, muito mais com seus leitores, ouvintes e telespectadores, do que com o próprio governo.
“A imprensa tem um papel grandioso, sendo o maior parceiro do poder público neste momento. Mas não é preciso dizer isso aos profissionais porque eles sabem que são extremamente importantes para nós, principalmente, neste momento em que é preciso informar com clareza e precisão”, afirma Mariano, em tom de reconhecimento ao trabalho dos jornalistas acreanos.
Na dúvida, a Sesacre aconselha as pessoas a tomarem como referência para informações verdadeiras o site Notícias do Acre, agencia.ac.gov.br, as suas redes sociais, as redes sociais da própria Sesacre, além de sites jornalísticos já conhecidos por sua confiabilidade.