A doação de leite materno é um processo que traz benefícios tanto para quem recebe quanto para quem doa
O nascimento de uma criança é uma experiência de alegria e de novas responsabilidades para uma família e principalmente para uma mãe que, desde a gestação, vive todas as emoções que a maternidade traz.
Depois do nascimento, o primeiro contato com a mãe se dá por meio da amamentação, mas alguns bebês prematuros de baixo peso, que estão internados em unidades neonatais, não podem ser alimentados diretamente nos seios de suas mães. É nesse momento que a doação de leite materno é fundamental para aumentar as chances das crianças prematuras se recuperarem, ajudando ainda na proteção contra infecções, diarreias e alergias.
A vontade de ajudar outros bebês e suas mães foi o que motivou a advogada Vanessa Facundes, 25, mãe do Ben Maia Facundes, de 2 meses, que entendeu a importância do leite materno vendo o desenvolvimento do seu bebê. Ben nasceu com 38 semanas e 3 dias, pesando 2,7 kg e logo aprendeu a mamar e a se nutrir corretamente com o leite de peito da mãe. Ben já pesa 4,7 kg e, no próximo domingo, fará 2 meses.
“A amamentação para mim é uma conquista. A cada dia que eu amamento meu filho é como se eu ganhasse um troféu por isso. Ver ele se desenvolvendo e estando protegido de doenças é uma satisfação. Amamentar é a experiência mais incrível da minha vida, nunca imaginei que seria tão bom assim”, evidenciou a mamãe do Ben.
Vanessa soube que havia bebês prematuros na maternidade Bárbara Heliodora que precisavam de leite materno para sobreviver e que eram poucas as mamães que realizavam a doação. Observando essa necessidade, ela, que produz muito leite, doa sempre para o banco de leite.
“Poder alimentar outros bebês é recompensador. O leite materno é muito importante. Desde que eu comecei a amamentar decidi fazer a doação para a maternidade. Vi que o meu leite serviria para o filho da minha amiga que é prematuro e ainda não produzia leite. Poder alimentar é prolongar a vida desses bebezinhos”, explicou Vanessa Facundes.
A capacitação do Banco de Leite da Maternidade é baixa, com um estoque de apenas 10,7 litros. Com o objetivo de sensibilizar as mães que estão amamentando, o Governo do Estado por meio do Gabinete da Primeira-Dama em parceria com a Maternidade Bárbara Heliodora, promove uma campanha de incentivo à doação de leite materno.
Para a primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, a doação de leite é um ato de amor para os bebês que precisam se alimentar. “Essa é uma campanha que abraço com muito amor, pois os nossos acreaninhos prematuros precisam se alimentar e convoco todas as mamães que amamentam a fazerem esse gesto de amor, para que nossos bebês cresçam fortes e saudáveis, assim estamos preparando o futuro do nosso Estado com saúde e que Rio Branco seja a segunda capital do Brasil com autossuficiência em leite humano”, destacou a primeira-dama, Ana Paula Cameli.
A doação de leite materno é essencial para alimentar bebês prematuros e de baixo peso, com menos de 2,5 kg, que estão internados e não conseguem sugar o leite de suas mães.
Inaugurado em dezembro de 2001, na Maternidade Bárbara Heliodora, o Centro de Referência Estadual em Banco de Leite Humano do Acre, conta atualmente, com dez mamães doadoras externas e algumas mães internas que ainda estão hospitalizadas ou estão na casa de Bárbara (casa de apoio).
De acordo com o coordenador do Centro de Referência Estadual em Banco de Leite Humano do Acre, Hélio Pinto, a capacitação de leite não atende a demanda. “ O ideal seria que todos os bebês recebessem leite da própria mãe, mas isso não é possível devidos a vários fatores: baixo peso, dificuldades maternas, problemas patológicos, prematuridade extrema e outros. Sendo assim, hoje é necessário priorizar o Leite Humano Pasteurizado (LHP) a bebês que possuam um peso igual ou inferior a 1,5 kg . Se tivéssemos leite suficiente isso não ocorreria pois poderíamos disponibilizar o leite para todos”, informou Hélio Pinto.
A única cidade brasileira que é autossuficiente em leite materno e LHP é Brasília. A meta a ser atingida pelo estado do Acre é de 70 litros mensais, para que se possa trabalhar com uma média acima de 2 litros dia.
O diretor-geral da Maternidade Bárbara Heliodora, médico Wagner Barcelar, esclareceu que o banco de leite da Maternidade, vem enfrentando dificuldades em regular o seu estoque de leite materno, em razão da pandemia da Covid-19. Mesmo diante dessas dificuldades, os servidores responsáveis por gerir o banco de leite não medem esforços para obter doações, para que assim não falte leite materno aos bebês que precisam desse alimento.
“Nesse momento, doar leite materno humano é um gesto que salva vidas. O leite materno que uma mãe doa fará com que os bebês tenham a chance de receber os benefícios que ele propicia, fazendo a criança se desenvolver com saúde e com mais chances de recuperação e assim ficar protegida. Toda mulher que estiver amamentando é uma possível doadora. Um litro de leite materno pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. Dependendo do peso do prematuro 1 ml de leite já é o suficiente para nutri-lo, cada vez em que ele for amamentado”, salientou Wagner Bacelar.
Como funciona o banco de leite humano?
Ao receber a doação, o leite é analisado, pasteurizado e passa por um rigoroso controle de qualidade antes de ser oferecido ao recém-nascido.
Como doar leite materno?
Qualquer mulher que esteja amamentando pode se tornar uma doadora, desde que esteja saudável e não tome nenhum medicamento que interfira na amamentação.
Quanto mais leite é retirado da mama, seja para o seu bebê ou para doação, mais leite será produzido. Para doar, e ter mais informações, basta entrar em contato no telefone 3224-1060.