Com o objetivo de viabilizar mecanismos para inovação tecnológica e aprimoramento dos serviços de saneamento básico, o governo do Acre, por meio do Departamento Estadual de Água e Saneamento (Depasa), iniciou tratativas para cooperação técnica com empresa de referência em saneamento no Brasil.
Em visita à Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) na sexta, 25, e sábado, 26, a diretora-presidente do Depasa, Waleska Bezerra, expôs as mudanças em andamento no Acre e o desafio de implantar esgotamento e melhorar serviços de saneamento no interior.
“A gestão do abastecimento de água de Rio Branco está retornando para a prefeitura da capital, mas no Depasa continuaremos o trabalho para implantar esgotamento e ampliar o abastecimento de água no interior do estado. Com esse objetivo, iniciamos o movimento para identificar oportunidades, buscar novas tecnologias e conhecer experiências exitosas”, informou Waleska.
O encontro à Caesb foi o primeiro passo com vistas a ações em cooperação para promover a qualificação profissional e inovação tecnológica em saneamento no Acre. O diretor-presidente da Caesb, Pedro Santana Filho, colocou-se à disposição para unir forças pela qualidade do saneamento básico no Acre.
“Por meio de convênio, cooperamos para a melhoria e o desenvolvimento de companhias em outras regiões do país. Estaremos à disposição para contribuir com o Acre também”, enfatizou o presidente da Caesb, ao destacar oportunidades que podem surgir por meio de financiamentos com organizações como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ainda durante a agenda com a presidente do Depasa, Pedro Santana abordou estratégias de enfrentamento aos efeitos da pandemia e destacou ações exitosas, como o programa de recuperação de passivos, que incentiva a regularização de débitos e projetos relativos a deficiência energética.
Centro de Controle
Após a primeira reunião com a diretoria da Caesb, a agenda do Depasa em Brasília continuou com visita às unidades operacionais da companhia de saneamento do Distrito Federal.
O roteiro se iniciou com uma visita ao Centro de Controle Operacional (Cecop), na sede da Caesb, em Brasília, O sistema de saneamento do DF, gerido pela Caesb, conta com 400 unidades operacionais, sendo que 38 compõem o sistema de saneamento rural. O Cecop recebe informações de todos os sistemas, como dados de grandezas hidráulicas e elétricas, identifica obstruções e vazamentos, inclusive problemas no sistema de poços em áreas rurais.
O sistema prima por envio de informações via rádio, mas já conta também com fibra ótica e 3G. “Daqui controlamos tudo em tempo real. Com uso de aplicativos, também os usuários podem relatar problemas e a abertura da ordem de serviço é imediata, explicou o diretor de Operação e Manutenção, Carlos Eduardo Pereira.
A novidade mais recente é a implantação de hidrômetros digitais, equipamentos que permitem monitoramento online, pelo qual o usuário também poderá acompanhar o seu consumo.
ETA
Ainda em Brasília, a representante do Depasa viu de perto como ocorre o processo de tratamento de distribuição de água na ETA R1, a segunda maior estação de tratamento de água de Brasília. A estação recebe água de três mananciais de área de proteção ambiental.
O processo é completo e utiliza flotação, que é o procedimento adequado para a retirada das algas verdes, comuns nos mananciais da região. O processo se inicia com uso do PAQ (produto químico para formar os flocos), depois floculação e depois é feita a flotação, que retira as algas. A água tratada vai para os filtros. “Quando necessário, fazemos também a correção de PH,” explica a gerente da ETA R1, Cláudia Morato.
Um diferencial ETA R1 é o baixo índice de perda na estação. “Isso porque a maior parte de impurezas é retirada na flotação. O lodo retirado é desidratado e reaproveitado. A água da lavagem de filtro retorna ao início do processo, o que evita danos ambientais e diminui perda na estação.
Com capacidade para tratar 2.800 litros por segundo, a ETA R1 é totalmente automatizada e atende cerca de 25% da população do Distrito Federal, incluindo todos os poderes públicos e embaixadas, além a apoiar outros sistemas da Caesb.
ETE
Já a coordenadora da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE/Gama), Analta Campos, demonstrou à visitante do Depasa como ocorre o processo de tratamento de esgoto naquela ETE, que atende uma população de cerca 300 mil habitantes da cidade satélite Gama, distante de Brasília cerca de 34 quilômetros.
A vazão máxima da estação é de 524 litros por segundo. “Estamos melhorando a parte da automação e hoje conseguimos monitorar melhor toda a unidade; o Cecop só não opera mas consegue visualizar toda a estação”, informou Analta.
O lodo que resta dos resíduos, rico em nutrientes, é reutilizado para recuperação e replantio em áreas degradadas.
Controle do lençol freático
O monitoramento do lençol freático é feito uma vez por mês. A coleta é feita e enviada para o laboratório da Caesb, que verifica se o lençol freático está ou não contaminado. “Além disso, a estação é monitorada duas vezes por semana por análise físico-química, uma vez por semana por análise microbiológica e uma vez por mês análise bacteriológica”, explica a coordenadora da ETE/Gama.