Após três dias de debates, chegou ao fim, nesta sexta-feira, 24, o Seminário Regional Etnodesenvolvimento e Sustentabilidade, realizado no auditório da Uninorte, em Rio Branco. O evento, promovido pela Secretaria de Governo da Presidência da República e Fundação Nacional do Índio (Funai), teve como principal objetivo discutir alternativas econômicas sustentáveis com representantes de povos indígenas do Acre, Amazonas e Roraima.
Durantes os painéis, foram abordados temas relacionados a agricultura, cadeia de valor, acesso a mercados institucionais, extrativismo, manejo florestal, piscicultura, pecuária, turismo, artesanato e linhas de crédito. Práticas econômicas exitosas desenvolvidas por outras etnias também ganharam destaque, como forma de estimular os indígenas.
Os seminários serão realizados em todas as regiões do país. No Acre, o evento contou com o apoio institucional do governo do Estado. Em 2022, um fórum nacional está programado para ser realizado em Brasília (DF). Na oportunidade, os povos tradicionais terão a chance de apresentar seus projetos para possível captação de recursos.
“Após a conclusão dos ciclos de seminários regionais, faremos um encontro nacional, no próximo ano. A ideia é fazer uma rodada de negócios e trazer o setor privado para potencializar os negócios sustentáveis indígenas”, esclareceu Juan Scalia, coordenador-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai.
Lucas Tukano, presidente da Cooperativa de Extrativismo de Recursos Naturais e Minerais de São Gabriel da Cachoeira (AM), avaliou o seminário como um marco para os povos indígenas amazônicos. Segundo ele, é possível conciliar a preservação do meio ambiente e obter o desenvolvimento econômico em benefício das populações tradicionais.
“Levaremos desse encontro novos conhecimentos, que antes não tínhamos por não chegarem às nossas comunidades. Etnodesenvolvimento e sustentabilidade é um assunto muito importante porque pode viabilizar parcerias entre os indígenas, iniciativa privada e governo para podermos, de fato, trabalhar em nossa terra. O que mais queremos é poder explorar nossas áreas de maneira sustentável para melhorar a nossa qualidade de vida e contribuir com o desenvolvimento do Brasil”, afirmou.
Shirley Baré, tesoureira da Associação Comunitária Parque das Tribos, de Manaus (AM), também aprovou a temática abordada no seminário. Ela vive no Parque das Tribos, bairro da capital amazonense que reúne indígenas de 35 etnias. O local tem grande potencial para o turismo, mas carece de boa infraestrutura para receber visitantes.
“Podemos falar das nossas dificuldades e cobrar das autoridades que nos ajudem a melhorar nosso bairro. Somos a única comunidade urbana do país com tantas etnias reunidas em um só lugar, mas não temos títulos definitivos e nem estrutura. Queremos mudar nossa realidade e espero que este seminário nos ajude de alguma maneira”, enfatizou.