O governo do Acre, por meio das secretarias de Assistência Social, dos Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres (SEASDHM) e de Produção e Agronegócio (Sepa), participou, nesta segunda-feira, 30, de uma reunião interinstitucional com o Ministério Público Federal (MPF) e outras entidades, sobre a apresentação de resultados de um diagnóstico alimentar das aldeias do povo Madija.
Após alerta do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2019, o MPF convocou as instituições responsáveis para realizar uma análise e propor soluções para a alta prevalência de desnutrição infantil nas aldeias do povo Madija, da Terra Indígena Alto Rio Purus, localizada nos municípios de Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano.
O diagnóstico alimentar do povo Madija
Os resultados foram levantados após acompanhamento na terra indígena, elaborados pela parceria da Fundação Nacional do Índio (Funai), SEASDHM, Sepa, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na ocasião, os indigenistas especializados da Funai, Samyr Farias e Thayná Ferraz, apresentaram um panorama geral sobre as informações obtidas nas visitas às aldeias. Os atuantes identificaram seus hábitos alimentares e as maneiras de obtenção de alimentos, seja por cultivo, extrativismo, coleta, caça, pesca ou compra.
A desnutrição, o tratamento da água e a segurança alimentar são problemas encarados como urgentes pelo procurador da República Lucas Costa, que assegura “Até então não tínhamos dados do povo Madija, esse diagnóstico presta uma função importante para atendermos uma das etnias mais vulneráveis. A partir dele, poderemos traçar políticas públicas e estabelecer uma rede de apoio”.
A participação da Assistência Social
A gestora da SEASDHM, Ana Paula Lima, apreciou o material apresentado e observou que o cunho social dos problemas enfrentados pelos indígenas é pertinente à pasta, colocando-se à disposição para intervir em favor daquele povo. “É importante esse levantamento feito diretamente com os madijas, compreendendo as suas necessidades e desejos, pois assim temos melhor entendimento do que pode ser feito para atender suas questões”.
Andréia Guedes, técnica de referência para Assuntos Indígenas da SEASDHM, alertou acerca da dificuldade enfrentada pelos indígenas beneficiados por programas de transferência de renda: “Muitos comerciantes confiscam os cartões e senhas dos indígenas, impossibilitando que sejam devidamente assistidos pelo Estado e colocando-os em vulnerabilidade social”. Dados apresentados no encontro mostram a atuação do Programa Auxílio Brasil como fonte de renda domiciliar de 55,6% das famílias madijas consultadas.
Levantamento de soluções
Suhelen Alves, chefe de Departamento de Proteção Familiar da Sepa, levantou a possibilidade de proporcionar oficinas e capacitações abordando a agricultura e o meio ambiente nas aldeias. “A educação e a assistência técnica são soluções viáveis para as problemáticas enfrentadas pela comunidade”, aponta Suhelen.
Durante a troca de informações entre as instituições participantes, outras possibilidades foram levantadas para fortalecer as aldeias, como a distribuição de kits de ferramentas, para proporcionar maior facilidade no plantio. A diversificação de espécies plantadas e os apoios de pesquisa e técnicos também foram sugestões para combater a desnutrição do povo Madija.