A exposição de artesanatos, cantos e danças abriu a manhã do terceiro dia de atividades do I Fórum Indígena sobre Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais do Estado, nesta quinta-feira, 6, no Teatro da Universidade Federal do Acre (Ufac).
O fórum, realizado entre os dias 4 e 7 de julho, conta com a exposição, apresentação e venda de artesanatos de diferentes etnias e fomenta a economia local. Entre as produções estão colares, pulseiras, cestas, roupas e bisacos, as afamadas bolsas a tiracolo. Cada elemento carrega o seu significado e riqueza cultural.
“O artesanato representa e traz a nossa cultura e espiritualidade. Também é uma garantia de vida porque, com a renda, compramos o que precisamos na aldeia. É uma forma de sustentabilidade da nossa família e uma forma de mostrar a importância do trabalho do artesanato para nós”, explicou a artesã Edileuda Shanenawa, da Aldeia Nova Morada, no Alto Rio Envira, nas proximidades de Feijó.
A artesã revelou que veio ao fórum como representante da organização dos professores e aproveitou para expor a qualidade da arte indígena como uma forma de viver bem.
Marco histórico
Para o chefe da coordenação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na região do Juruá, Eldo Carlos Barbosa, do povo Shanenawa, o fórum é um momento histórico nas discussões de políticas públicas e as representações culturais como o artesanato, o canto, a música e o rezo fazem parte do processo.
“Estamos vendo uma diversidade de cores da natureza pelos povos indígenas através de suas pulseiras, colares e cocar. É uma apresentação cultural de cada povo, região e cultura. Estamos representados em 16 culturas, educação, línguas e artesanatos diferentes e apresentando ao Acre, ao Brasil e ao mundo”, enfatizou Eldo Shanenawa.
“Os nossos antepassados plantavam o algodão, colhiam, e fiavam até virar o ponto de linha e começavam a tecer. Então os nossos amigos começaram a se interessar e passamos a vender para ajudar na renda da nossas famílias”, acrescenta a artesã Same Huni Kui, na companhia da mãe Bune Huni Kui. Ambas são da Aldeia Pinuya, nas proximidades do município de Tarauacá.
Exposição cultural e representativa
Com apoio das mulheres e filhas, Keã Huni Kui, registrado com o nome de Antonio Carlos da Silva, expõe brincos, colares, pulseiras e materiais de tecido. Enquanto o artesão produz os materiais com sementes e linhas, as mulheres tecem roupas e bolsas com os desenhos tradicionais, os Kenês.
“Os Kenês representam símbolos de sabedoria e transformação, como o rabo do jacaré, que tem um significado de tiro certeiro. Cada desenho tem um significado diferente”, detalhou o artesão que também expõe os artesanatos, de segunda a sexta-feira, no Espaço Kaxinawá, no centro de Rio Branco.