A unidade penitenciária de Senador Guiomard celebrou, em um único dia, três importantes conquistas para a educação no sistema prisional. A inauguração de uma biblioteca para uso dos detentos, o início do programa Presídio Leitores, e a certificação de reeducandos pelo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Uma solenidade, com a presença dos reeducandos aprovados no Encceja PPL, foi realizada nesta sexta-feira, 23, no presídio da cidade, para marcar o importante momento.
O evento contou com a participação de representantes de todas as instituições que fazem parte dos projetos. O Instituto de Administração Penitenciária (Iapen); Polícia Penal; a Secretaria Estadual de Educação Cultura e Esporte (SEE); a Universidade Federal do Acre (Ufac); o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC); o Instituto Federal do Acre (Ifac); e a Academia Acreana de letras (AAL).
O Juiz Robson Aleixo, explicou que, para que o projeto da biblioteca fosse concretizado, o Tribunal de Justiça participou como articulador entre as instituições e, também diretamente no projeto com a participação dos servidores na catalogação dos livros.
Pensando no fácil acesso, para quem deseja utilizar o espaço de estudos, um prédio próximo à biblioteca foi reformado. O diretor do presídio, Kennedy Lira, explicou que todos os esforços são feitos com um único objetivo: transformar vidas dentro do sistema prisional. “Então, normalmente, esses presos eles já vêm já com uma história muito negativa, e quando eles alcançam oportunidades como estas, costumam dar valor”, afirmou.
Prova deste comprometimento, é a aprovação de 51 reeducandos, da unidade de Senador Guiomard, pelo Encceja, oportunidade em que puderam concluir o nível fundamental e médio, após um longo período de estudos. Tião Flores, secretário adjunto de ensino da Secretaria de Educação, ressaltou que o Encceja PPL é um programa de extrema importância, que visa resgatar a cidadania de pessoas que estão em estabelecimento prisional. “E nós estamos dando oportunidade para que essas pessoas possam ser inseridas novamente na sociedade. A educação transforma as pessoas e nada melhor do que essa oportunidade que estamos dando através desse programa de educação do sistema penitenciário estadual”, afirmou o secretário adjunto.
O detento M. O. R, de 38 anos, foi um dos alunos que receberam o certificado de conclusão do ensino médio. Ele conta que no presídio, teve a oportunidade de voltar a estudar depois de 17 anos longe da educação. “Quando eu cheguei aqui dentro eu vi que o estudo é a base de tudo na vida da pessoa, me deram essa oportunidade e eu agradeço muito. E eu pretendo, quando estiver lá fora, seguir em frente”, afirmou o reeducando.
O Encceja já tem mostrado seus resultados, e agora, com o início do novo projeto de leitura na unidade, a professora da Ufac, Maria José Morais, acredita que novos frutos serão colhidos e explica como o projeto Presídio Leitores funciona. “O projeto já tem dado muitos frutos em Cruzeiro do Sul e Tarauacá. A cada livro lido o interno pode remir até quatro dias de pena. Os reeducandos passam de 20 a 30 dias com um livro e depois eles produzem um texto comprovando que eles leram. O nosso trabalho enquanto Presídios Leitores é cuidar da validação desses textos e confirmar ao juiz que eles fizeram a leitura. Esse é o nosso trabalho, um trabalho voluntário”, destacou.
André Vinício Silva de Assis, diretor de Reintegração Social do Iapen, destacou que todas essas conquistas só foram possíveis por meio das parcerias com as instituições. “É um momento de grande alegria estar desenvolvendo essas ações aqui na Unidade do Quinari, e nosso objetivo é alcançar as demais unidades. O Presídio leitores, por exemplo, em breve, será realizado também em Rio Branco com as pessoas em situação de monitoramento eletrônico. Nós acreditamos na educação com ferramenta como ressocialização e estamos trabalhando nisso”, finalizou André.