O primeiro mês do ano foi escolhido para o lançamento da campanha brasileira que busca chamar a atenção da sociedade para a saúde mental, o “Janeiro Branco”.
Um relato de dor e luta diária: assim posso descrever a luta contra a depressão. Mas o que é a depressão? Pode ser considerada um estado de tristeza profunda, perda de interesse e ânimo. Mas, diferente de uma ferida exposta, que pode ser vista por todos, ela se esconde por trás de sorrisos, abraços e gentilezas. O sofrimento sentido pelo indivíduo não o faz querer provocar o mesmo em outros.
O autocontrole de não querer ferir os entes queridos faz com que haja uma repressão dos sentimentos negativos.
E, quando há um transbordamento, “um grito de socorro”, nem todos ouvem ou sentem empatia, o que gera ainda mais sofrimento a quem sofre com depressão. Se é difícil controlar, imagina expor! Uma dor que muitas vezes é inexplicável e não possui origem definida ou entendida pelo ser humano.
A rejeição ou o medo de ser rejeitado deprime e oprime, imagine não receber o abraço mais importante, aquele que nunca achou que faltaria?
Os pedidos podem ser sutis ou explícitos, seja por ligação, mensagens ou durante uma conversa pessoal. Os retornos é que podem ser ainda mais dolorosos. Amigos ocupados demais para ouvir, familiares que não sabem como reagir e preferem ignorar, como se trata algo momentâneo, um “colapso nervoso”. Ou de alguém que julgue importante e no pedido de socorro simplesmente sumiu.
Estes são apenas alguns dos sentimentos e relatos de situações cotidianas vivenciadas por muitos que estão na luta contra a depressão.
A depressão pode ser devastadora, chegando ao ápice, com o suicídio. Em 1987, o sociólogo francês Émile Durkheim lançava o livro “O suicídio”, tratando-o como um fenômeno coletivo, ou seja, considerando que o indivíduo sofre influência social do meio para cometer tal ato.
Não se trata de apontar o dedo para culpados, mas sim de gerar uma provocação social para que todos entendam que podem contribuir de forma positiva ou negativa para o estado mental de um indivíduo no âmbito social.
Falar é a melhor solução, mas para quem? O apoio psicológico é necessário para a melhora do quadro de depressão; os profissionais da área de psicologia e psiquiatria são os indicados para dar esse suporte, isto porque sua formação lhes permite buscar a melhor forma de orientar e ajudar o indivíduo em sua luta.
A não compreensão por parte de entes queridos não significa falta de amor, mas falta de conhecimento para lidar com essa que é considerada “a doença do século 21”.
E, voltando ao início, perder entes queridos traz reflexões sobre o nosso próprio comportamento para com o próximo. Não existe manual, mas é possível ser empático e solidário. “Se a dor do outro não te afeta, quem precisa de ajuda é você”, como bem afirma a psicóloga Débora Oliveira.
A todos que já amei e perdi para a depressão, peço perdão! Não fui forte e não aprendi a lidar com a ausência, mas tento ser empática com a dor do próximo!
Fhaidy Acosta é Assessora de Comunicação da Secretaria de Saúde do Acre