Se estivesse vivo, Chico Mendes – maior ambientalista da América Latina – completaria 74 anos neste sábado, 15. Assassinado em 22 de dezembro de 1988, a liderança acreana deu voz aos povos da floresta, tornando-se mensageiro da defesa de políticas públicas ambientais pautadas no desenvolvimento sustentável, conservação, inclusão social e cidadania.
Os ensinamentos de Chico e seus companheiros vivem no coração e ideais de socioambientalistas e lideranças extrativistas do mundo inteiro, que encontram-se em Xapuri para participar do “Encontro Chico Mendes 30 anos: Uma Memória a Honrar. Um Legado a Defender”. A abertura do evento, que se iniciou na manhã deste sábado, 15, foi marcada por falas de resistência e muita emoção do público presente.
Lívia Mendes, 9 anos, emocionou a todos com a leitura da carta que escreveu para o bisavô. “Meu querido bisavô Chico Mendes, eu gostaria de ter conhecido você. Me contaram sobre você, sobre a sua história e eu sei que você sempre foi importante para o mundo e sempre será. Você salvou a floresta amazônica. Por sua causa, ela é a maior floresta do mundo. Tomara que as pessoas tenham consciência e tenham aprendido que não vivem sem a natureza”, destacou em meio a aplausos.
O encontro, promovido pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), entra para a história por reunir lideranças renomadas que ajudaram a construir e consolidar esse legado de políticas públicas ambientais, que nasceu no Acre – Estado reconhecido internacionalmente por promover há 20 anos um modelo de gestão produtiva de base diversificada sustentável.
Emocionado, o deputado federal (AC) Leo de Brito alertou sobre a necessidade de mobilização e resistência. “Nós precisamos entender que a geração do Chico e os movimentos socioambientalistas consolidaram conquistas respaldadas pela nossa Constituição Federal. Entretanto, vimos sob ameaça de desconstrução a Constituição de 88 e é necessário que nós passemos a discutir a resistência. Portanto, nós podemos sair desse evento sem um novo Empate e uma nova Aliança dos Povos da Floresta do século 21.”
O presidente do CNS, Joaquim Belo deu as boas-vindas aos participantes e reforçou a luta pela defesa dos povos da Amazônia. “Sabemos que o cenário político atual é assustador, mas a nossa luta não pode parar, reafirmando tudo que a gente fez e zelando por aqueles que lutaram, ao mesmo tempo em que agregamos novos militantes, em especial os jovens”, frisou.
Logo após a abertura oficial do encontro, o senador Jorge Viana mediou o painel “Vozes da Floresta”, que contou com o depoimento de lideranças indígenas, extrativistas e parceiros de luta de Chico Mendes. “Há 30 anos, nós vivíamos uma ameaça como a que estamos enfrentando agora, e quem pagou com a vida foi o Chico. Entretanto, a ameaça que estamos enfrentado agora pode ser contornada sem ninguém perder a vida. Por isso, convido a todos, em especial a juventude, para continuar essa luta de vida”, ressaltou Jorge.
Resistência e compromisso
Desde 1999 o governo do Acre constrói e desenvolve políticas públicas pautadas nos ensinamentos de Chico Mendes e seus companheiros. A gestão estadual reconhece como bens estratégicos a floresta e a relação de respeito entre os povos que ali vivem – indígenas, seringueiros, ribeirinhos e agricultores – e as populações das cidades.
Representando o governador Tião Viana, a chefe da Casa Civil, Márcia Regina Pereira, salientou a contribuição de pessoas e instituições que contribuíram e contribuem para a concepção de um planeta sustentável. “No Acre, os governos do Jorge Viana, Binho Marques e, agora, do Tião Viana alcançaram avanços significativos, como ter saído do último lugar em qualidade de ensino e, hoje, estar entre os dez primeiros no ranking nacional. Agradeço a todas as pessoas e instituições, a todos que acreditaram e se uniram ao governo nesse propósito.”
O Encontro Chico Mendes 30 anos é promovido em Xapuri de 15 a 17 de dezembro. Neste sábado, 15, o governo do Estado realiza a entrega do Prêmio Chico Mendes de Florestania a personalidades que contribuem com o desenvolvimento sustentável, bandeira defendida pelo mártir ambiental.