De grão em grão, o agronegócio do Acre vem batendo recordes de produtividade e, ao mesmo tempo, consolidando uma nova era de prosperidade econômica no campo. Com solos férteis, clima propício, localização geográfica estratégica e apoio governamental, o estado mais ocidental do país se mostra uma terra de excelentes oportunidades.
Na BR-317, a Estrada do Pacífico, a mudança da paisagem ao longo da rodovia federal tem sido nítida nos últimos anos. Cada vez mais, as grandes áreas de pastagens destinadas à tradicional criação de gado têm dado espaço às plantações de soja e milho, assim como ao surgimento de enormes estruturas cilíndricas de metal. São os silos, equipamentos responsáveis pelo armazenamento e secagem dos grãos.
Nessa região do Vale do Acre, o terreno em grande parte é plano e extremamente favorável ao cultivo da lavoura. Os produtores vêm apostando alto e aumentando, ano após ano, as plantações. Todo esse cenário de otimismo na zona rural coloca o estado como a nova fronteira agrícola da soja.
Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a oleaginosa chegou para ficar. Entre os anos de 2012 e 2022, o cultivo de soja no Acre cresceu mais de 7.000%. A área plantada em 2019, que era de 1.660 hectares, saltou para 11.395 hectares, neste ano. O produto é o terceiro mais exportado no estado.
O sucesso do agronegócio é resultado de ousadas políticas públicas adotadas na gestão do governador Gladson Cameli, que visam fortalecer a produção agrícola sustentável, aliada à geração de trabalho e renda para os acreanos. Para o chefe de Estado, o Acre tem se destacado nacionalmente por sua forte vocação agrícola.
“Esse foi um dos nossos principais compromissos assumidos com a população. Temos uma terra rica e muito abençoada. Além disso, estamos comprovando que é possível produzir sem destruir o meio ambiente. Queremos nos desenvolver, mas sempre respeitando a natureza”, afirma o governante.
O “louco” que apostou na produção de grãos
Às margens do Ramal da Estrada Velha, na zona rural de Epitaciolândia, a propriedade de Mauro Maffi chama atenção pela produtividade. São 300 hectares destinados ao plantio de soja e milho. Mas o caminho para alcançar o sucesso foi marcado por dificuldades e muitas desconfianças.
“Há 18 anos, quando comecei a plantar grãos, fui chamado de louco pelos meus vizinhos. Em parte, eles tinham um pouco de razão. Naquele tempo não tinha mercado e nem assistência técnica. Foi realmente uma loucura, mas uma loucura que deu certo”, recorda.
Pelo segundo ano consecutivo, Maffi cultiva soja em larga escala. Toda a produção, estimada em mil toneladas, já está vendida e cruzará o mundo até chegar à China. O agricultor não tem dúvidas do potencial do agronegócio acreano.
“O Acre é uma fronteira agrícola que não tem mais volta. Temos uma terra muito boa e a nossa medida de produção de soja está acima do Mato Grosso e Rondônia. A tendência é de crescimento e o futuro é muito promissor para o estado”, pontua.
A força da soja
Principal produto agrícola brasileiro, a maior parte da soja produzida no planeta é destinada basicamente para suprir duas grandes demandas que não param de crescer. A primeira delas é a ração animal. Com o aumento do consumo de carne, aproximadamente 80% da produção mundial de soja são destinadas para a alimentação bovina, suína e de aves. O farelo do grão, que é muito rico em proteínas, nutre e fortalece os animais.
Já outros 18% vão para a fabricação do óleo, o segundo tipo mais consumido pela população, e que corresponde a 29% do mercado global de óleos vegetais. Brasil, Estados Unidos, Argentina, China e Índia são os maiores países produtores de soja do mundo.
Acre, localização privilegiada para o desenvolvimento
Localizado na tríplice fronteira Brasil, Peru e Bolívia, o Acre está em posição privilegiada. A proximidade com os países andinos é a rota para alcançar um mercado de mais de 44 milhões de consumidores em potencial.
Além disso, com a conclusão da Estrada do Pacífico, exportar a produção por meio dos portos peruanos diminui a distância, reduz o valor do frete e o tempo em relação os países asiáticos, principais importadores de insumos brasileiros. Enquanto senador da República, Gladson Cameli garantiu a liberação para que o Acre exporte carne bovina e de aves para Peru e Bolívia.
A partir de agora, com a implantação da cultura da soja, o estado se coloca novamente em localização estratégica. Toda a produção pode ser escoada pelos portos graneleiros de Porto Velho (RO), por meio da hidrovia do Rio Madeira.
Produzir sem derrubar a floresta
O Acre está fincado no coração da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Com 85% da área total preservada, o estado figura entre as unidades da federação que mais protegem sua cobertura vegetal.
Mesmo diante da sinalização para o agronegócio como nova alternativa econômica, o cuidado com a floresta continua. Segundo o governador Gladson Cameli, as áreas que já estão abertas serão utilizadas para o plantio de novas culturas. Mas a partir de agora, entraves burocráticos não vão mais atrapalhar o homem do campo.
“Não precisa derrubar nenhuma árvore. Temos muitas áreas abertas totalmente improdutivas em nosso estado. São essas terras que serão utilizadas pelo agronegócio. Basta respeitar o novo Código Florestal. Estamos desburocratizando tudo aquilo que atrapalha nossos produtores”, disse Cameli.
A tecnologia é outra aliada para manter a floresta de pé. Com a utilização de técnicas modernas, é possível produzir mais em espaços cada vez menores, principalmente em áreas degradadas.
“O governo do Acre tem feito a sua parte, ao disponibilizar seis silos para secagem e armazenagem de grãos, tem oferecido maquinário e assistência aos produtores. Estamos vivendo um momento diferente na nossa produção rural, e a cultura da soja veio para ficar. Outros investimentos serão feitos para ajudar ainda mais o homem do campo”, enfatizou José Luis Tchê, secretário de Estado de Agricultura.