Neste domingo, 19 de abril, é comemorado o Dia do Índio. As necessidades dos 15 povos indígenas que vivem no Acre são diversas. No que se refere à educação, desde o ano 2000 a Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) desenvolve ações voltadas para as diversas comunidades e aldeias localizadas nos lugares de difícil acesso. Hoje a SEE atua com 14 etnias.
Quando o Estado passou a assumir a educação indígena, há 15 anos, havia 2.222 alunos do ensino infantil, fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) em 67 escolas indígenas. Cinco anos depois, o ensino médio também passou a ser oferecido. Os dados mais recentes da Divisão de Estudos e Pesquisas Educacionais da SEE indicam que, em termos de alcance, praticamente triplicou o número de alunos, que hoje são 7.763 em 201 escolas estaduais e municipais. “Quando a formação inicial começou, os índios eram alfabetizados em sua própria língua e em português. Hoje, já temos indígenas com formação superior e povos indígenas que procuram a presença das ações estaduais na educação das aldeias” destacou o secretário Marco Brandão.
O assessor especial para assuntos indígenas, Zezinho Kaxinawa, explica que as principais demandas das lideranças são pela aprovação das leis referentes às escolas nas terras indígenas e o lançamento de concurso público específico. Com relação às conquistas destaca que aproximadamente R$ 50 milhões foram captados nos últimos quatro anos para diferentes temas, como educação, turismo, e fortalecimento do trabalho das mulheres. E já há recursos garantidos nesta nova gestão para as 36 terras indígenas que existem no Acre. Em 2014, na educação, foi realizada formação com professores de 13 povos diferentes. “É importante que os professores, além de bilíngues, sejam capazes de repassar os conhecimentos tradicionais e da educação básica para as comunidades”, enfatizou.
No Acre, dos 15 povos existentes, seis são considerados falantes da língua nativa, explica Mana Huni Kuin, doutor em linguística pela Universidade de Brasília (UnB). Nove encontram-se em fase de deficiência, sendo que quatro já não se comunicam mais. E em cinco destes povos, apenas os mais velhos conseguem comunicar-se na língua indígena. “Garantir que estas línguas não sejam extintas é o grande desafio. É necessária grande articulação e uma política educacional para reverter esta situação”, alertou. Nesse sentido, há projetos no Estado para que o próprio professor seja habilitado para ser o próprio pesquisador, multiplicador e responsável por elaborar o material didático.
Propostas construídas em parceria com as comunidades
Na coordenação de educação escolar indígena, as ações estruturantes são voltadas para a formação de professores, construção de escolas e elaboração de material didático. Todas as atividades são desenvolvidas a partir de conversas e sempre com a participação dos beneficiários.
Com relação às escolas, por exemplo, observam-se os valores arquitetônicos e condições climáticas das localidades onde serão construídas. Também há o incentivo para que as escolas recebam nomes indígenas como forma de fortalecimento cultural. No que se refere ao material didático, as publicações são desenvolvidas de acordo com cada uma das famílias linguísticas. “O desafio é para atender os anseios de todos no que eles consideram prioridade e contribuir para o fortalecimento da língua e cultura indígenas”, destacou Socorro de Oliveira, coordenadora de Educação Indígena da SEE.