Com 74% da população negra, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Acre é o primeiro estado do país a criar um observatório de discriminação racial permanente, por meio de parceria com a Prefeitura de Rio Branco, Universidade Federal do Acre (Ufac), Uniafro e entidades civis.
O observatório foi criado em 2016 e uma de suas primeiras ações é a Exposição do Observatório de Discriminação Racial, apresentada nesta sexta-feira, 12, no Casarão, em evento alusivo ao 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo.
Almerinda Cunha, chefe do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (Dpir/Acre) da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado (Sejudh), explica que experiência semelhante é realizada na capital baiana, mas somente no período carnavalesco.
“Copiamos a ideia de Salvador, mas tornamos o nosso observatório permanente. A partir disso, em conjunto com as demais instituições e entidades que fazem parte do observatório, decidimos realizar uma pesquisa para saber se há ou não discriminação no Acre e o que a pesquisa apontou é que, infelizmente, temos sim discriminação no nosso estado”, disse.
Como funcionou a pesquisa
Durante um ano um grupo que chegou a mais de 20 pesquisadores, formados por acadêmicos da Ufac, aplicou formulários de perguntas em pontos estratégicos da capital acreana para analisar se o estado apresentava ou não índice de discriminação contra negros.
“Fomos a escolas da rede pública, UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], terminal trbano e órgãos públicos. Os formulários eram sem identificação nominal dos entrevistados, para assegurar a lisura da pesquisa”, ressaltou um dos pesquisadores, Leonam Elifas.
Discriminação está nas escolas, instituições e transporte público
Nos painéis expostos no Casarão, constavam os resultados da pesquisa divididos por temas: Observatório de Discriminação Racial; Condições de Acesso a Saúde Pública; Condições de Acesso a Bens de Consumo; Condições de Racismo e Discriminação da População Negra no Acre, Condições de Escolaridade e de Trabalho e Condições de Acessos a Bens Culturais e Imateriais.
Um dos painéis apontou que 90% dos entrevistados afirmaram não serem racistas. Contudo, 70% declarou conhecer alguém racista. A pesquisa indicou ainda que o racismo ocorre com mais frequência em instituições de ensino, locais públicos e no transporte público.
“A partir desta pesquisa vamos poder discutir políticas públicas voltadas à população negra. Vamos saber como e onde devemos atuar”, analisou Almerinda Cunha.