Nos próximos meses, o Acre vai entrar definitivamente no mapa da produção de coco do Brasil, considerado o quarto maior produtor do mundo desta fruta que faz parte cada vez mais dos hábitos saudáveis da população humana.
Esse feito será possível porque as 86 mil mudas de coco plantadas pelo governo de Tião Viana, a partir de 2011, no Vale do Juruá, já começam a produzir por tudo que é propriedade rural de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves.
De saída, a produção estimada para as 86 mil mudas pode chegar a mais de 18 milhões de coco por ano, o que equivaleria a 3,2% dos 553 milhões produzidos no ano passado pela Bahia, o maior produtor brasileiro.
Essa produção representaria quase 1% dos dois bilhões de coco que foram produzidos no país em 2014, segundo estimativa da Embrapa.
Em Mâncio Lima, o produtor familiar Uandry Andrade Rodrigues, morador da Comunidade Batoque, nem sabe o quanto poderá contribuir para o Acre alcançar em tão pouco tempo essa posição já significativa no ranking da coco-cultura nacional.
O que Uandry sabe, com certeza, é que já vendeu 300 dos mais de 46 mil cocos que espera colher a partir do próximo ano, dos 220 coqueiros que plantou no final de 2011.
Com o coco sendo vendido na região a R$ 1 essa fruta deve representar uma receita de R$ 46 mil por ano ao agricultor familiar, o que equivale a um salário mensal de quase R$ 4 mil que ele adicionará aos rendimentos que já obtém criando e vendendo peixe, porco e galinha caipira, além da produção de mandioca.
“O coco vai ampliar a minha renda, o que vai me permitir investir ainda mais na propriedade”, diz Uandry, 53 anos, nascido no município, casado, quatro filhos, sendo dois formados, e proprietário de uma área de 100 hectares do antigo projeto de assentamento do Incra.
O produtor diz que antes criava gado, mas mudou porque o coco, a mandioca, a galinha caipira, o porco e o peixe são culturas que ocupam menos espaço e rendem muito mais. Em cinco tanques, Uandry cria anualmente toneladas de tambaqui, piau, pirapitinga, pintado e curimatã.
O poder multiplicador da assistência técnica e do fomento
Segundo o economista Idésio Franke, presidente da Emater, Uandry Rodrigues é um dos quatro mil produtores familiares do estado que vem recebendo assistência técnica da Emater e apoio de fomento da Seaprof e da Seap para melhorar cada vez mais a produtividade das suas cinco cadeias produtivas.
“O apoio do governo Tião Viana tem sido decisivo para melhorar a renda e a qualidade de vida dos produtores familiares do estado, contribuindo para que eles façam parte da nova classe média rural do Acre”, assinala Idésio Franke, doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.
O engenheiro agrônomo Genilson Maia, da Seap, responsável pelo programa do coco no Juruá, relembra que as 86 mil mudas de coco foram trazidas pelo governo do estado entre 2011 e 2013. As mudas vieram de Sousa, na Paraíba, que produz a melhor água de coco do país. “O programa do coco trouxe para a região do Juruá uma nova cultura frutífera para aumentar a renda e a qualidade de vida no campo”, atesta Maia.
Assim como Uandry Rodrigues, de Mâncio Lima, o agricultor familiar Dedimar Lopes, de Cruzeiro do Sul, também será um dos maiores produtores de coco do Juruá, pois seus 510 coqueiros devem produzir mais de 100 mil unidades por ano, levando-se em conta que cada um deles pode produzir em média 14 cachos de 15 frutos cada. Também produzindo hoje leite, queijo, peixe, melancia e maracujá, Dedimar espera vender toda sua produção de coco em Rio Branco, onde ele confessa já ter compradores interessados.