Amilton Alves de Faria, 62, mora no Acre há 34 anos. Vindo de Minas Gerais com o objetivo de conhecer Machu Picchu, no Peru, o agricultor resolveu ficar por aqui sem sequer conhecer os Andes peruanos. Ele conta que se apaixonou pelo Estado quando conheceu o Santo Daime e teve contato com o Mestre Sebastião, com quem conviveu por 12 anos.
Mesmo sem nunca ter tido contato com a música, Amilton compôs o samba intitulado “O Amanhã”, em que homenageia o líder seringueiro Chico Mendes. A composição, como ele afirma, nasceu “sem querer”, vinda da grande admiração que sente pelo ambientalista desde que o conheceu há cerca de 30 anos, em Xapuri.
“A floresta sem o Chico Mendes é monótona. Quando fecho os olhos, vejo ele sorrindo, quando acordo percebo que foi só um sonho. Ele foi um homem de muita coragem, que já falava em proteger a floresta antes disso virar moda”, comenta, com saudosismo.
Em janeiro, o compositor teve a oportunidade de cantar, por telefone, seu samba para Elenira Mendes, filha de Chico. Cuidadosamente, ela ouviu a composição e disse ter gostado da letra.
“Quero lançar a música no carnaval, em uma grande homenagem com trio elétrico e muito alegria. No momento, estou em busca de ajuda para tornar esse sonho realidade”.
Confira a letra do samba:
O Amanhã
Amanhã só seu eu adoecer que não saio
Só se eu morrer que eu não caio no meio da multidão
De terno branco engomado, puxando um samba rasgado sem te dar satisfação
Amanhã só se chover que eu não saia, só se eu morrer que eu não caia
No meio da minha mata com minha faca e minha lata cortando seringa e defumando minha borracha
Amanhã possa aceitar o convite, possa te dar um palpite
Ou mesmo uma solução de ver meu Chico Mendes defendendo o meio ambiente dentro do meu coração
Mas não vai ser hoje não, hoje não que vamos esquecer do cordão e do mesmo lá lá lá ia