Presidentes das associações de moradores das vilas Albert Sampaio e Santa Cecília se reuniram na quarta-feira, 26, com a direção do Instituto de Terras do Acre (Iteracre) para tratar sobre o projeto executado pelo governo na regularização fundiária das duas localidades.
A reunião foi acompanhada pelo vice-coordenador do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Elson Dias, já que os dois bairros foram formados por ex-pacientes do Hospital Souza Araújo, unidade especializada no tratamento e acolhimento das pessoas acometidas pela doença.
“A Vila Albert Sampaio tem uma história diferente. As pessoas que moram lá ocuparam aquela área quando deixaram a Colônia Souza Araújo. Antigamente ninguém visitava aquele bairro, só quem morava lá. Hoje as coisas mudaram, a área já tem infraestrutura e agora vai ser contemplada com o título definitivo”, disse Elson Dias, do Morhan.
Nas duas localidades, que ficam às margens da BR-364, o cadastro das famílias já foi iniciado e o próximo passo é fazer o georreferenciamento das áreas. Com esses processos concluídos, o Iteracre realizará as audiências públicas, que vão discutir o Programa de Regularização Fundiária com os moradores.
“A audiência pública é um passo essencial para a regularização fundiária. Nossa equipe já iniciou parte desse processo e trabalha na identificação das áreas. A ideia é entregar a documentação aos moradores da Albert Sampaio e Santa Cecília até o fim deste ano”, disse Nil Figueiredo, diretor-presidente do Iteracre.
Estado pioneiro
O Acre foi o segundo estado do Brasil a regularizar áreas tidas colônias de pessoas que sofreram com a hanseníase. Em 2013 o Iteracre entregou títulos definitivos aos moradores do bairro do Telégrafo, em Cruzeiro do Sul.
A Vila Albert Sampaio foi o primeiro espaço ocupado pelos ex-pacientes e seus familiares. A área foi comprada por um médico que atendida na unidade Souza Araújo e doada às pessoas em tratamento. Para homenagear o profissional e reconhecer seu trabalho na luta pelo fim da doença e do preconceito, os moradores resolveram dar o nome dele ao bairro.
“Durante muito tempo, os pacientes com hanseníase sofreram com a segregação e o isolamento compulsório. Quem precisava fazer o tratamento era mandado sozinho para a capital e muitos morriam durante o deslocamento. Hoje o nosso movimento de reintegração se fortaleceu e conta com o apoio do poder público. O título é mais uma conquista para os moradores”, afirmou o líder comunitário Adalcimar Pereira.