Uma clareira na selva, às margens do Rio Humaitá, próximo ao Rio Muru, a um dia e meio de barco de Tarauacá. Esse é o endereço da Aldeia São Vicente, do povo Huni Kui, comunidade que até então nenhum governador do Acre tinha pisado. Não tinha! A história mudou na terça-feira, 24, quando Tião Viana e o vice-governador César Messias visitaram a comunidade para ouvir reivindicações dos indígenas e levar ações de governo que visam à elevação da qualidade de vida daquela população.
“Estamos aqui, num ato de amizade, consideração e valorização do povo Huni Kui de Humaitá. É sempre muito especial estar num momento assim. Vim para trazer uma ligação espiritual do governo do povo do Acre com os irmãos Huni Kui. Aqui eles têm contatos esporádicos com os índios isolados, que nunca tiveram contato com a população. Eles buscam educação, organização social”, afirmou o governador.
A alegria dos indígenas saltava aos olhos e ganhou som com os gritos e cantos entoados na recepção a Tião Viana e sua equipe, que chegaram ao local de helicóptero. A visita do maior representante do Estado foi para efetivar a implantação do programa do mel (meliponicultura). Foi feita a entrega de 50 caixas para criação de abelhas sem ferrão.
União é a força
O cacique da aldeia São Vicente, Manoel Jocenir, disse que, como o governador abriu as portas de seu gabinete para receber seu povo, ele também deixou sua aldeia aberta para receber o chefe de Estado.
“A maior força que nós temos é a união. O senhor é o único governador que marcou presença na nossa aldeia do povo Huni Kui. No seu gabinete o senhor está como governador, mas aqui na aldeia o senhor está como um Huni Kui. O senhor recebe a gente no seu gabinete. A gente recebe o senhor na nossa aldeia”, disse o cacique.
Manoel Jocenir, como líder de sua comunidade, falou dos anseios e das necessidades de seu povo, mas avisou que os índios não querem apenas pedir. “Aqui nós não estamos só pedindo. Aqui é um povo trabalhador, que quer somar apoio. Antigamente, quem falava era o governo, hoje quem está falando são os índios. Mudou a consulta. É como eu ouvir o meu pai e meu pai me ouvir. Ouvir o governo, mas o governo também ouvir o índio. Por isso quero agradecer a todos”, afirmou.
Tião Viana contou aos indígenas que após conversas com o assessor especial para assuntos indígenas, Zezinho Kaxinawá, foi definido que a aproximação com as populações indígenas se faz cada vez mais necessária, e por isso há um política de governo destinada a essas comunidades.
“Nós chegamos ao entendimento com o Zezinho [Kaxinawá] para que possamos estar cada vez mais perto de vocês e para que vocês possam dizer qual o melhor caminho para a fortalecer a qualidade de vida do povo Huni Kui do Humaitá. Para nós o importante é que as pessoas tenham direito a felicidade”, completou.
Ao chegar à aldeia, o governador comentou que viu plantio de banana, mandioca e abacaxi na aldeia e observou que o roçado pode ser ampliado com o plantio de frutíferas, com apoio do governo, por meio da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).
César Messias afirmou que a passagem pela aldeia foi um momento especial e aproveitou para agradecer a acolhida. “Quero agradecer de coração pela parceria. Que esse laço de amizade entre os povos indígenas e o governo permaneça por muito tempo”, finalizou.